A pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) fez o mundo inteiro parar. O número de casos e as mortes se multiplicam, a saúde pública da maioria dos países, inclusive das grandes potências, entrou em colapso, enquanto a ciência busca desesperadamente uma vacina para a doença. O isolamento social é o único antídoto para conter o avanço devastador do vírus nanoscópico. Mas o impacto econômico é brutal. Empresas quebradas e demissões em massa. A crise acentua a pobreza e a desigualdade social.
O drama varia de um país para outro. Estima-se que serão necessários aproximadamente entre dois e três meses de isolamento social para achatar a curva de contágio da Covid-19. Epicentro do surgimento do vírus, a cidade chinesa de Wuhan levou 76 dias para sair do confinamento rigoroso a que foi submetida. O Brasil flerta com o perigo, pois não está levando a sério as recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS. Com uma população de idosos acima de 60 anos e de portadores de enfermidades crônicas que somam cerca de 60 milhões de pessoas, igual à população total da Itália, corremos o risco de nos transformar em um dos países mais afetados do mundo caso a proliferação do vírus não seja contida a tempo.
Numa primeira reação, nosso instinto de sobrevivência diz que devemos proteger a vida acima de tudo. E na medida do possível, numa segunda escala de prioridade, também devemos lutar para manter as empresas e os empregos. Cabe aos governos dos países atingidos investir o que for preciso para salvar as economias de uma grande catástrofe. No caso brasileiro, é hora de usar parte das reservas internacionais acumuladas pelo país nas últimas décadas para garantir uma renda mínima aos brasileiros e um fundo de socorro às empresas em dificuldade.
Dentro das suas limitações, a Prefeitura de Foz do Iguaçu vem fazendo a sua parte. Adotou medidas de isolamento na hora certa, preparou a rede pública de saúde para o enfrentamento da pandemia, impedindo a disseminação do contágio, protelou o pagamento de impostos municipais e investe num programa de juro zero para minimizar os efeitos da crise, principalmente sobre os microempreendedores individuais e profissionais autônomos que perderam suas fontes de renda.
Entre esses profissionais, incluem-se os artesãos, feirantes, guias de turismo, motoristas de aplicativos, taxistas, vendedores ambulantes e prestadores de serviços em geral. Linha de crédito estará operacional nos próximos dias.
Para avaliar a real dimensão dos estragos causados e as perspectivas de retorno à normalidade, lançamos uma pesquisa, juntamente com o Conselho Municipal de Turismo – Comtur e Observatório de Turismo.
A indústria turística, motor da economia iguaçuense, é uma das atividades mais afetadas pela crise. Em que ritmo se dará a recuperação do setor é uma questão em aberto, que depende de muitas variáveis. Mas é praticamente certo que será a indústria que levará mais tempo para se recuperar. Enquanto não houver uma vacina disponível, para dar segurança aos viajantes, a retomada dos fluxos internacionais será lenta e seletiva. Países mais afetados pelo coronavírus terão maiores dificuldades de atrair turistas estrangeiros no curto prazo. Já aqueles que adotarem os cuidados preventivos necessários, largarão na frente.
Foz do Iguaçu tem um diferencial de imagem importantíssimo em relação a outros destinos turísticos. O turismo de natureza tende a ser uma preferência prioritária dos viajantes no futuro. Atrativos ao ar livre, em perfeita comunhão com o meio ambiente, estarão no topo das escolhas.
De imediato, assim que a pandemia passar, nosso foco deverá se concentrar na atração do turismo rodoviário regional, pequenos eventos, e no turismo de brasileiros e estrangeiros da América do Sul, com os quais esperamos restabelecer a conectividade aérea do período anterior ao coronavírus.
Ao mesmo tempo, outro diferencial competitivo de Foz do Iguaçu para superação das adversidades, serão os investimentos em infraestrutura. Com apoio da Itaipu Binacional, avançam as obras da Segunda Ponte Brasil-Paraguai, assim como a de ampliação da pista de pouso e decolagem do nosso Aeroporto Internacional. E até o final do ano deverão ter início as obras de duplicação da Rodovia das Cataratas e da Perimetral Leste, também apoiadas pela Binacional. Infraestrutura não será obstáculo para a retomada econômica.
Nossa agenda de desenvolvimento, que fará parte de um plano estratégico para superação da crise, em parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – Codefoz, inclui ainda medidas para promover a diversificação da economia, com a construção do Condomínio de Startups, para atrair empresas criativas, inovadoras e tecnológicas; a concessão de incentivos para desenvolvimento das regiões da Ponte da Amizade e da Beira-Rio existente; a consolidação do polo universitário e também do polo de serviços na área de saúde. As áreas remanescentes do distrito industrial serão utilizadas para atrair empresas de tecnologia, agroindústrias e energias renováveis.
O momento é de perplexidade, pois estamos diante do imponderável, mas pelo menos de uma coisa estamos certos: nada mais será como antes amanhã. Hábitos de consumo vão mudar. Assim como os modos de vida, trabalho, viagens e relacionamento social. O futuro será desafiador e seremos obrigados a rever o atual modelo civilizatório. Um mundo mais conectado, humano e sustentável vai emergir no pós-coronavírus.
A humanidade já passou por grandes depressões, guerras e revoluções. Algumas com consequências dramáticas e perdas terríveis de vidas humanas. Entretanto, após todas essas crises, a exemplo da Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu um boom econômico.
Penso positivo e sou fundamentalmente otimista por natureza. Acredito que a humanidade se reinventará e, passados os efeitos imediatos dessa pandemia, iniciaremos um novo ciclo de desenvolvimento e de prosperidade. Cuidem-se! Protejam suas famílias e seus colaboradores. Unidos, somos mais fortes e venceremos essa batalha!!!
*Gilmar Piolla é jornalista e atual secretário de Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu