Conseguir manter a produtividade científica após a maternidade é um dos desafios das pesquisadoras brasileiras. Segundo levantamento realizado pelo projeto Parents in Science, entre as docentes mães, 82% avaliam que a chegada dos filhos teve impacto negativo na progressão de suas carreiras. Com base nesses dados, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) decidiu implantar algumas mudanças no edital de seleção de projetos de Iniciação Científica e Iniciação ao Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIC, PIBIC–AF e PIBITI), para valorizar as mães pesquisadoras.
O Edital prevê que a docente que esteve em licença-maternidade nos últimos dois anos tenha um bônus de 20 pontos na avaliação do currículo. O acréscimo é o equivalente a uma publicação nível A1 da Capes.
Para a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Danúbia Furtado – mãe de Laura, 4 anos –, a medida é um reconhecimento do papel das mães pesquisadoras na universidade pública. “Na academia, o principal critério para poder acessar recursos para pesquisas é a produtividade. E, com a chegada dos filhos, é muito difícil manter a produção científica. As docentes mães passam, diariamente, pelo dilema de equilibrar as atividades acadêmicas com as responsabilidades da maternidade, o que reflete diretamente em nossa produtividade. Nesse sentido, esta mudança no edital é um primeiro passo para diminuir as desigualdades e reconhecer as dificuldades que as mães enfrentam na academia”, explicou.
O bônus para licença-maternidade aplica-se a todos os casos previstos na legislação, como gestantes, adotantes e casais homoafetivos. A UNILA também está estudando outras medidas para garantir a participação de mães nas pesquisas por meio de outros editais.
Assessoria