Uma mudança importante no projeto da Perimetral Leste, que vai ligar a futura Ponte da Integração Brasil-Paraguai à BR-277, em Foz do Iguaçu (PR), foi decidida em conjunto pela Receita Federal, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal: a via não será exclusiva para caminhões. Por ali vão passar também carros, ônibus e motos.
A Construtora JL, responsável pela obra da Perimetral Leste, já foi informada da decisão, segundo o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Foz do Iguaçu (Codefoz), Mário Camargo, que presta consultoria à construtora.
Segundo ele, a razão para a mudança é simples: o tráfego de caminhões, entre o Brasil e o Paraguai, equivale a apenas 6% da circulação total de veículos. A nova ponte, portanto, pode receber não apenas o tráfego pesado, como o de outros veículos.
O projeto da Perimetral Leste também contempla a construção de uma nova aduana. Ambas – perimetral e aduana – devem ficar prontas junto com a nova ponte. Com a alteração no projeto, a aduana precisará contar com controle migratório e de fiscalização de bagagens, o que não estava previsto anteriormente.
Como os projetos ainda estão em andamento – ainda faltam sete meses para a entrega da versão final –, há tempo suficiente para as adaptações, de acordo com o presidente do Codefoz. A conclusão das duas obras deve ocorrer dentro de dois anos depois do início, previsto para julho ou agosto de 2020, coincidindo com a entrega da Ponte da Integração.
“A nova ponte vai atender a duas vocações de Foz, a logística e o turismo”, diz Camargo. “Os dois setores precisam trabalhar juntos.”
Caminhões
Com a Ponte da Integração pronta, o tráfego de caminhões será proibido na Ponte da Amizade, que ficará exclusiva para veículos leves e ônibus. Os caminhões, hoje, representam um transtorno para o trânsito de Ciudad del Este, que proibiu a passagem destes veículos durante o dia. Em Presidente Franco não haverá este problema, já que, como no lado brasileiro, haverá uma perimetral que desviará o tráfego proveniente da ponte para fora da área central.
Mas Mário Camargo destaca que, a partir de agora, Foz do Iguaçu precisa “trabalhar pelo novo Porto Seco”, pois, com o atual, os caminhões desviariam para a BR-277, indo pela Perimetral, e depois teriam que voltar à cidade, prejudicando todo o tráfego na rodovia.
O novo Porto Seco, segundo ele, deverá contemplar três modalidades de transporte: rodoviária, ferroviária e hidroviária. Para a ferrovia, há intenção do governo do Estado de construir um ramal da Ferroeste de Cascavel a Foz do Iguaçu. A hidrovia, utilizando o reservatório de Itaipu e depois o Rio Paraná, vai depender da demanda, mas ele acredita que haverá interesse nesse tipo de transporte, que é mais barato até mesmo que o ferroviário.
Já a demanda por transporte ferroviário atenderia ao Paraguai, que hoje exporta seus produtos, via hidrovia, pelos portos de Buenos Aires e Montevidéu. No ano passado, a estiagem baixou demais o nível dos rios Paraná e Paraguai, quase inviabilizando o transporte hidroviário. A opção ferroviária seria vantajosa em vários aspectos, inclusive pelo tempo mais curto para o transporte de Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá.
O apoio da Itaipu
A Itaipu financiará totalmente a construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, ao custo de R$ 323 milhões, e também da Perimetral Leste, que vai exigir mais R$ 140 milhões e fará a ligação entre a nova ponte e a BR-277, desviando o tráfego de caminhões pesados das avenidas turísticas e centrais de Foz do Iguaçu.
A futura ponte terá 760 metros de comprimento e será do tipo estaiada, com vão-livre de 470 metros, que é um de seus diferenciais estéticos. A ligação estaiada com o maior vão-livre do mundo é a que liga o continente russo à ilha Russky. Ela tem 3.100 metros de extensão e vão-livre de 1.104 metros. Embora menor, a ponte sobre o Rio Paraná também será impactante e se tornará o novo cartão postal da fronteira.
Veja o projeto da Perimetral
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,6 bilhões de MWh. Em 2016, a usina brasileira e paraguaia retomou o recorde mundial anual de geração de energia, com a marca de 103.098.366 MWh. Em 2018, a hidrelétrica foi responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 90% do Paraguai.
Assessoria