Era 1991 quando o político Euclides Scalco foi agraciado com o título de Cidadão Honorário do Estado pela Assembleia Legislativa do Paraná. Após um hiato de 28 anos, o ex-ministro e ex-chefe da Casa Civil recebeu o diploma do título nesta segunda-feira (16), em uma solenidade realizada no Salão Brasil da Prefeitura Municipal de Curitiba. Na época, o autor da proposição foi o então deputado estadual e atual prefeito da capital, Rafael Greca (DEM). O adiamento da entrega ocorreu por inúmeras razões. Este ano, a homenagem foi resgatada pelo deputado Michele Caputo (PSDB).
As contribuições de Scalco com o Estado do Paraná justificaram a honraria. Farmacêutico de formação, o homenageado ganhou destaque na política, considerado dono de uma personalidade discreta e articuladora. Scalco foi vereador, prefeito, deputado federal, diretor-geral da Itaipu Binacional, além de chefe da Casa Civil do Estado no governo de José Richa (1983-1986) e ministro-chefe da secretaria geral da presidência da República no segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao lado de outras autoridades, é um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
A solenidade, que reuniu políticos, secretários, parlamentares e autoridades, foi marcada pela emoção. Acompanhado da esposa, Teresinha Marcolin Scalco, Euclides Scalco recordou suas contribuições com o Brasil e o Paraná, em especial com a região Sudoeste, onde o gaúcho de nascimento iniciou sua carreira política. “Sempre busquei corresponder às necessidades da população. Sinto-me honrado de receber este título do Estado que me recebeu. Hoje sou um homem feliz”.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB), falou da importância da solenidade. “A data de hoje é um marco histórico, que destaca uma trajetória digna. Como presidente do Poder Legislativo, para mim é uma honra entregar este título. Sinto-me lisonjeado. Euclides Scalco sempre um referencial político para todos nós. Ele é um símbolo político do país. Esta homenagem é um gesto de gratidão do Estado do Paraná”, afirmou Traiano. O primeiro secretário da Assembleia, deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), concordou. “A história do Paraná está ligada a de Euclides Scalco. Ele teve papel extraordinário na articulação política dos interesses do Estado. Hoje pudemos reconhecer esta figura que ilumina a política paranaense”, destacou.
Os proponentes da homenagem, deputado Michele Caputo, e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, também destacaram a trajetória e a importância política de Scalco para o Paraná. “Acompanho a vida pública de Euclides Scalco há quase quatro décadas. É um personagem de destaque na redemocratização, aliando capacidade técnica e política”, justificou Caputo. Ele lembrou ainda as contribuições do homenageado com o sistema público de saúde. “Como deputado federal e como secretário do governo José Richa, contribuiu com a defesa do cidadão paranaense”, completou. “Ele é uma pessoa que iluminou o Paraná com desenvolvimento social. É um homem que nunca faltou ao Brasil”, ressaltou Greca.
O presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), Adalberto Jorge Xisto Pereira, afirmou que falar sobre a história de Scalco é recordar a história política recente do Paraná. “É um figura ímpar que honrou a posição do servidor público”, disse. Além dele, também participaram da solenidade os deputados Paulo Litro (PSDB) e Delegado Recalcatti (PSD), o vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSDB), a ex-vice-governadora Emilia Belinati, e o ex-ministro e ex-deputado federal Alceni Guerra.
Biografia – Euclides Girolamo Scalco nasceu em Nova Prata, no Rio Grande do Sul, em 1932. É formado em farmácia-química na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, curso concluído em 1954. Em 1959, mudou-se para o município de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná.
Logo após radicar-se no interior paranaense iniciou as atividades políticas, tornando-se secretário do diretório municipal do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Francisco Beltrão (1960-1962), município no qual se elegeu vereador (1960-1962) e, em seguida, prefeito (1963-1964). Após o golpe militar, foi um dos fundadores, em 1966, do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Pela legenda foi eleito novamente vereador em Francisco Beltrão, tendo exercido o mandato até 1969.
Em novembro de 1974 elegeu-se suplente do senador Francisco Leite Chaves na legenda do MDB, sendo escolhido em seguida presidente do diretório regional do partido no Paraná, cargo que exerceu de 1975 a 1979. No pleito de novembro de 1978, elegeu-se deputado federal, filiando-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Exerceu o mandato até março de 1983.
Reeleito em novembro de 1982 pelo PMDB, iniciou novo mandato em fevereiro do ano seguinte. Foi nomeado secretário-chefe da Casa Civil (1983-1986) do governador José Richa. Após afastar-se da chefia da Casa Civil, reassumiu seu mandato de deputado federal, tendo sido membro das comissões de Saúde e de Previdência e de Assistência Social da Câmara dos Deputados.
Nas eleições de 1986, elegeu-se deputado federal constituinte pelo PMDB paranaense. Em 1988, ao lado de outros peemedebistas como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro, José Serra, Pimenta da Veiga, João Gilberto e José Richa, foi um dos principais organizadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo sido secretário-geral de sua comissão provisória nacional e, logo a seguir, eleito na convenção de fundação do partido secretário-geral de sua primeira Executiva Nacional.
Após a promulgação da Constituição, em outubro de 1988, tornou-se líder do PSDB na Câmara dos Deputados. Em outubro de 1990, foi candidato a vice-governador do Paraná na chapa do governador José Richa, que não passou para o segundo turno da eleição. Exerceu o mandato de deputado até janeiro de 1991, quando foi eleito vice-presidente do diretório nacional do PSDB, exercendo o cargo até 1993.
Em 1994, Euclides Scalco coordenou por um curto período a campanha do candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, à presidência da República. Em junho de 1995, desfiliou-se do PSDB, permanecendo a partir de então sem vinculação partidária. Em setembro do mesmo ano, assumiu a diretoria-geral do lado brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional.
Scalco continuou a frente da diretoria-geral da hidrelétrica Itaipu Binacional após o pleito de 1998. Em abril do ano seguinte renunciou à diretoria-geral de Itaipu e aceitou o convite de Fernando Henrique Cardoso para assumir o cargo de ministro-chefe da secretaria geral da presidência da República.
Fonte: ALEP