Diminuição do prazo de recarga do cartão de transporte; melhoria nas rotas de ônibus; mais veículos com ar condicionado; passe livre para estudantes. Essas foram algumas das principais demandas levantadas na audiência pública que discutiu o transporte público coletivo em Foz do Iguaçu. O debate foi proposto e conduzido pela Vereadora Anice Gazzaoui (sem partido), em atendimento a uma solicitação do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP).
Como deliberação da audiência, foi formada uma Comissão de Trabalho com durabilidade de 100 dias para dar encaminhamento para as propostas de melhorias. “Já ficam na composição da comissão os vereadores que fazem parte da CPI do transporte e demais autoridades que participaram hoje do debate”.
A vereadora Anice lembrou dos 16 dias de ativismo de luta pelo fim da violência contra a mulher e ressaltou a luta contra o assédio, inclusive no ônibus. “Nós mulheres temos direito de ir e vir e não sermos perturbadas”. Participaram também do debate, os vereadores Celino Fertrin (PDT), Edílio Dall´Agnol (PSC), Luiz Queiroga (DEM), Rogério Quadros (PTB), Nanci Rafagnin Andreola (PDT), Elizeu Liberato (PL), Edson Narizão (PTB) e Jeferson Brayner (Republicanos).
Ian Vargas, advogado do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz (CDHMP) enfatizou: “Temos na cidade várias questões históricas do próprio eixo modal. Temos necessidade de discutir planejamento para os bairros. Temos outras fontes de renda da cidade, como Fundo Iguaçu, royalties, e temos exemplos de outras cidades que usam isso para subsidiar o transporte. Devemos discutir com transparências com os efeitos que a cidade tem com um contrato de tanto tempo”, declarou.
Hamilton Serighelli, do Centro de Direitos Humanos, destacou que “está todo mundo discutindo a tarifa zero em outros locais pelo mundo. Podemos pelo menos dar uma contrapartida para a população mais pobre desse país, que paga uma conta dolorosa. Tem gente aqui que relatou que não tem condições de estudar porque não tem dinheiro para o transporte, isso é absurdo, temos de dar condições às pessoas”.
Sandro Dalbosco, representante do Consórcio Sorriso, afirmou que “todos os vereadores conhecem o contrato e sabem como é formado o coeficiente. A questão da diferença do preço de quem paga com dinheiro e quem paga com cartão, a maioria usa cartão porque a ideia é incentivar que quem usa pague menos. A questão da recarga fragmentada do cartão único existe com logística”.
Fragmentação da venda do passe para estudantes
Dhaiana Romina Pelitez, do Grêmio Estudantil do CEEBJA, se pronunciou na tribuna. “Temos 1400 alunos, muitos refugiados, vendedores ambulantes. Muitas pessoas estão há muitos anos fora da escola. Solicitamos a fragmentação da recarga do cartão único que já está na lei. Muitos alunos faltam 10 a 20 dias por falta de transporte”, reclamou.
Edmilson Silva, do CEEBJA, falou: “Venho aqui em nome de todos os alunos que precisam do vale transporte, que dependem dele para ir para uma sala de aula. Muitos desses alunos não podem pagar vale transporte”.
“Sou representante dos estudantes estrangeiros de Foz do Iguaçu. Em nome dos estrangeiros, falo das dificuldades que temos para comprar a passagem de uma vez só, somos pobres, refugiados da guerra e dependemos da ajuda de outras pessoas”, destacou Carmel Dossa.
Posição do Foztrans
Fernando Maraninchi, Diretor Superintendente do Foztrans, ressaltou: “É importante que pensemos o transporte público coletivamente. Quanto à poluição, hoje mesmo vamos para uma terceira reunião com a Itaipu para tratarmos do biometano. Os ônibus a biometano polui 85% menos. Com relação à ciclovia, o Foztrans está com o projeto e vai bancar a ciclovia da JK”, afirmou.
Com relação ao ônibus com ar, Maraninchi informou que o custo é de R$ 4 mil por mês cada ônibus. “De 25 ônibus que a Prefeitura abriu mão do ISSQN, mas não de tudo, porque as concessionárias que não colocaram ar condicionado nos ônibus não têm isenção nenhuma. Com relação à fragmentação da compra da passagem aos estudantes, vamos pensar em como resolver esse problema, de 15 em 15 dias. Quando a gente fala de calçadas, fizemos divulgação de conscientização pela mobilidade urbana”.
Tribuna livre
Cláudio Siqueira, da Casa da América Latina (subsede de Foz do Iguaçu), falou sobre municipalização do transporte público. “O Estado deve vir com retorno em educação, mobilidade. O trabalhador gasta quase 1/5 do seu trabalho em transporte público”
Felipe Santana, da Unila, destacou que “é preciso conceder 60 passagens de ônibus por mês para a pessoa estudar e acessar a cidade. Na questão dos universitários, podemos pensar em política de cotas para o transporte público. De repente podem colocar um cartão pré-pago para pagamento da tarifa”.
Lucas Rodrigues dos Santos, servidor da Câmara e estudante de Geografia da Unila, expôs que “a cidade de Foz tem um fluxo diferente. A cidade hoje tem mais de 150 veículos, mas os usuários ficam desassistidos. O próprio transporte perde dinheiro com a rota como está hoje. Não aprovem novas rotas de ônibus na cidade. Você consegue reorganizar e ter redução tarifária. Nosso dinheiro público é desperdiçado sem um planejamento adequado”.
Marksono Rangel Silva, também se pronunciou: “Que possamos juntos no fundo municipal de transporte municipalizar o estacionamento para contribuir no financiamento do transporte público coletivo. Bruna Osman, acrescentou: “Não identifiquei prioridade a pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida ou idosos. Acessibilidade é a pessoa ter condições de chegar a qualquer lugar”.
Vagner Miyamura, Pró-reitor de Administração da Unila, foi outro a usar a tribuna: “Nosso pedido vem na linha do passe livre. A universidade também se entende como quem deve participar das políticas públicas. Temos vários alunos que querem contribuir com estudos para melhorar o transporte coletivo, que possamos usar toda massa intelectual para fazermos acontecer de verdade”.
Jorgelina Tallei, Professora da Unila, encerrou: “Na Universidade temos 1460 alunos que estão em condições de vulnerabilidade social. Ainda temos de avançar e esses avanços dependem de políticas públicas. Pensamos que só a educação transforma o mundo”.
Assessoria CMFI