Fonte: AMN
Membros da Comissão Permanente de Preservação e Fiscalização, do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (CEPAC), reuniram-se na manhã desta quinta-feira (19) com o pároco Vincent C. Adaikkalasamy, para uma visita de apresentação à paróquia São João Batista.
A visita fez parte das ações já iniciadas pela Comissão, a localidades de interesse histórico no município que incluem além da igreja matriz, o antigo hotel Cassino, Colégio Agrícola, Clube Gresfi, os Centros de Tradições Gaúchas, Movimentos Indigenistas, entre outros.
A atividade integra o plano de trabalho da comissão, que ainda tem como meta elaborar estudos, pesquisas e levantamentos acerca dos bens patrimoniais, materiais e imateriais, públicos e privados, passíveis de medidas de proteção e preservação, bem como de acompanhar e fiscalizar os bens protegidos ou de interesse patrimonial.
“Todos nós temos biografias que nos aproximam e nos despertam afinidade com determinadas matrizes culturais ou tipologias específicas. Isso é legítimo e compreensível. Entretanto, quando se trata de política pública municipal é necessário pensar o patrimônio para além das preferências pessoais e contemplar de forma ampla todas as dimensões da representação coletiva iguaçuense”, comentou o coordenador dos trabalhos, o historiador e museólogo Pedro Louvain.
O grupo adotou o lema: “Todas as matrizes. Todas as tipologias”, visando englobar toda a variedade de matrizes culturais e tipologias, conforme já previsto na Lei Municipal 4470/16, incluindo o patrimônio cultural e natural, móvel e imóvel, material ou imaterial, e suas múltiplas tipologias derivadas.
De acordo com Louvain, desde a Lei Municipal N.º 1500/90, houve diversas intenções de realizar uma política pública de proteção e valorização do patrimônio iguaçuense, mas sem êxito. Atualmente não há nenhum bem tombado ou registrado a nível municipal. Os únicos bens reconhecidos oficialmente como portadores da memória são: o Mural do Poty Lazzarotto na Itaipu Binacional, tombado pelo estado, e as Cataratas do Iguaçu, reconhecidas pela UNESCO como patrimônio natural da humanidade. “A Lei Municipal N.º 4470/16 dá um novo fôlego à política pública municipal e apesar de todos os seus livros de tombamento e registros ainda encontrarem-se vazios, há uma enorme potencialidade a ser fomentada”.
Igreja
Em visita à igreja matriz, o grupo esteve na casa paroquial e analisou o prédio que já passou por reconstrução, mas mantém parte da estrutura da construção original. “A igreja guarda uma memória da comunidade católica, a memória de quem passou por aqui. Quando um bem é tombado dá-se um sinal para o município inteiro, quando se reconhece o valor, entre para os bens reconhecidos pelo município. Tombamento não interfere na propriedade”, comentou Louvain.
O padre Vicent C. Adaikkalasamy recebeu o grupo e conversou sobre a história do prédio, além de pedir mais informações a respeito do processo. “A igreja sofreu uma reconstrução, pois estava em situação muito precária e não tinha como acolher o público”, explicou. A ideia do tombamento, segundo o pároco deverá ser levada a instâncias superiores.
A apresentação detalhada da importância do tombamento é uma das premissas durante a visitação do grupo.“Existe uma falta de conhecimento sobre o valor do tombamento, ele vem para proteger e preservar. Ninguém tira nada de ninguém, é na verdade uma garantia de preservação”, comentou Ivete Ana Frizon, também membro da comissão.
Esta foi a primeira de uma série de visitas agendadas a dois dos prédios com valor histórico no local, datados das décadas de 1924 e 1930, respectivamente. Além das visitas, o grupo também vai elaborar um formulário de pedidos de tombamento e registro, objetivando facilitar os pedidos a partir da sociedade, promovendo a participação da comunidade iguaçuense na salvaguarda do seu próprio patrimônio.