Reni Pereira encerrou nesta quinta-feira, 12, ao meio dia e meia, o seu depoimento à Justiça Federal no âmbito da Operação Pecúlio e Nipoti. Foram quatro dias e meio de depoimento onde o ex-prefeito respondeu todas as perguntas e negou as acusações que pesam contra ele. De acordo com o Ministério Público, Reni chefiava um esquema de corrupção envolvendo a prefeitura de Foz do Iguaçu e a Câmara Municipal de Vereadores.
Ele disse desconhecer qualquer esquema de corrupção dentro da prefeitura, no entanto, ressaltou que se caso houve, esse esquema era comandado pelo ex-secretário de Tecnologia e Informação, Melquizedeque de Souza. “Ele nós já temos a comprovação, não tínhamos espaço para duas organizações criminosas na prefeitura, se eu fosse o líder de uma organização criminosa, eu saberia o que todos os membros dessa organização estavam fazendo, e ele não teve espaço para me imputar qualquer participação na fraude do ITBI, que ele roubou a prefeitura, que foi identificada por servidores e que eu denunciei à polícia” justificou Reni.
Segundo o ex-prefeito, ele conseguiu demonstrar que o culpado é Melquizedeque “eu demonstrei o quanto ele era ardiloso, ele era ardiloso no convencimento, não só de mim como gestor, mas de outras pessoas, demonstrei isso através de gravações telefônicas, que quando ele falava com as pessoas, dizendo que havia falado comigo, eu colocava uma ligação imediatamente anterior onde nós falávamos de outras coisas, e outras vezes que ele falou que estava comigo eu consegui demonstrar que eu estava em outro lugar e algumas vezes nem estava na cidade” afirmou Reni.
Sobre as delações que o apontavam como chefe, Reni afirmou que foram esquematizadas entre delatores para que se livrassem da prisão. “A maioria desses delatores nunca haviam sido presos, na hora, se precisassem entregariam a mãe deles para sair de lá” disse ele para a Juíza Flávia Hora de Oliveira, que foi a responsável pelas audiências que aconteceram na 4ª vara da Justiça Federal em Foz do Iguaçu.
Reni Pereira também negou ter pagado “mensalinho” aos vereadores em troca de apoio, porém confirmou que empregava parentes e amigos dos parlamentares em troca de apoio, “governabilidade é isso, não é só aqui, ocorre no estado, na união, se isso é um erro, é um crime podem me condenar, por que isso eu fiz, nomeei parentes de vereadores, filhos de vereadores, isso é verdade, isso eu cometi, e isso, pode até não ser o certo, mas até onde me consta não é criminoso” destacou.
Reni disse foi que poderia ter fechado um acordo de delação e acusado outras pessoas, “eu poderia estar na vida boa, como os outros delatores estão agora, mas preferi encarar, por que não cometi nenhum crime” afirmou. No encerramento do depoimento, Reni se emocionou ao citar as perdas que teve pelo que classificou como armação, “perdi minha família, não consegui ver meu neto nascer, perdi a saúde, tive três infartos, tive prejuízo financeiro por causa de uma mentira” concluiu.
De acordo com o advogado que defendeu Reni, Dr. Victor Sprada, a partir de agora inicia a fase de juntar diligências, “é uma situação processual, ou a gente junta documentos, muitas partes farão, inclusive a defesa do ex-prefeito, ou requerer diligências” explicou. Segundo Sprada, a defesa de Reni vai pedir diligências com delatores para comprovar que eles mentiram ao afirmar que o ex-prefeito era o chefe da organização criminosa. A sentença só deve sair após essa nova fase.