O impacto social e a relevância esportiva do Projeto Meninos do Lago, iniciativa apoiada pela Itaipu Binacional e referência para a modalidade de canoagem slalom, serão replicados na melhor pista do País, instalada no Complexo Esportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, e que recebeu as competições da modalidade nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pelo presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), João Tomasini Schwertner, durante a solenidade de comemoração aos dez anos do projeto, no Parque da Piracema, na área da usina em Foz do Iguaçu (PR).
O evento contou com a presença do secretário nacional especial do Esporte, general Décio Brasil; do diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, do prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, e de outras autoridades. A solenidade foi acompanhada por mais de uma centena de canoístas e participantes do projeto, criado em agosto de 2009 com o objetivo de oferecer aulas de canoagem para jovens de 5 a 16 anos em situação de vulnerabilidade social no município.
Em sua fala, o presidente da CBCa ressaltou a importância do projeto socioesportivo e pontuou que o principal objetivo é replicar os valores morais, éticos, cidadania e metodologia do projeto iguaçuense nas pistas cariocas. A previsão é de que tudo comece em 2020, com o apoio da Prefeitura do Rio, escolas e institutos. “Os destaques esportivos são importantes. Porém, o que mais queremos transmitir, é o legado social do Meninos do Lago. Estamos em contato com parceiros para começar esse projeto no canal olímpico”, destacou Tomasini.
O secretário especial do Esporte, general Décio Brasil, endossou a ideia. Para ele, essa será “uma medida muito valorizada pelo governo federal”, pois dará um uso ainda mais relevante para a pista de Deodoro. “Um projeto social permanente naquele local será significativo para as comunidades do Rio de Janeiro e também para a Seleção Brasileira, pois o local de treino da equipe não ficará subutilizado”, disse o secretário.
Silva e Luna destacou o orgulho da empresa em abrigar e organizar o projeto que revelou tantos talentos para o País. Ele também elogiou o trabalho da equipe responsável pelo projeto. “Todos os resultados só reforçam o nosso compromisso em continuar apoiando tudo que já vem sendo realizado nesta iniciativa, e darmos mais condições de desenvolvimento e ampliar, como já está sendo feito, a oferta de vagas”, afirmou o diretor-geral.
O diretor de Coordenação de Itaipu, Luiz Felipe Carbonel, falou aos presentes e deixou um compromisso para os integrantes do projeto. “Todas as ações foram feitas para vocês e essa continuidade depende desse esforço também. O compromisso e a responsabilidade enquanto atletas e cidadãos serão o diferencial.”
Infraestrutura
Como parte da contribuição de Itaipu ao esporte, nesta quinta-feira a empresa também entregou 80 novos caiaques e canoas ao Instituto Meninos do Lago (Imel), por meio de uma parceria com a entidade.
De acordo com o coordenador do Imel, Argos Rodrigues, os novos equipamentos serão utilizados em piscinas de cinco centros de convivência do município. O objetivo é atrair mais participantes para o projeto que ampliou o número de vagas em 2019. A capacidade de atendimento é de 600 crianças e adolescentes.
Outra iniciativa do projeto – apoiada pela Itaipu – foi a criação em abril deste ano de uma equipe de paracanoagem, com a missão de resgatar a autoestima dos participantes e de, futuramente, formar atletas para competições oficiais. Hoje, já são 14 paratletas. “Esse é o nosso grande desafio. A cada dia temos uma nova lição de vida e estamos animados com os resultados positivos que estamos tendo, mesmo com pouco tempo de paracanoagem”, comentou Argos.
Bolsa Atleta
Ainda no evento, o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, aproveitou a oportunidade para assinar a lei que autoriza o aumento do auxílio financeiro do programa Bolsa Atleta, que passou de uma faixa de R$ 30 a R$ 600 para de R$ 100 a R$ 1.000.
O chefe do executivo municipal garantiu que os atletas que tiverem bons rendimentos no projeto de canoagem poderão ser contemplados com a bolsa e, com isso, se dedicarem ainda mais ao esporte. “Queremos que os atletas fiquem em Foz, treinem aqui e, quem sabe um dia, conquistem medalhas olímpicas. Esse é o nosso sonho e iremos trabalhar em conjunto para isso”, falou o prefeito.
Contribuição para a canoagem brasileira
O Projeto Meninos do Lago nasceu em 2009, por meio de uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Federação Paranaense de Canoagem (Fepacan). Em dez anos, a iniciativa atendeu 1.195 pessoas.
De início, os treinos eram realizados em piscinas, mas logo evoluíram para as corredeiras do Canal Itaipu, construído pela binacional em 2005 no Parque da Piracema.
Com 430 metros e desnível de 4,2 metros, a pista foi batizada inicialmente de Canal de Águas Bravas – para diferenciá-la do outro caminho para subida dos peixes durante a piracema. Em 2010, o Canal Itaipu mudou de nome para se tornar o principal centro de treinamento da canoagem slalom do País, até a construção das corredeiras artificiais do Complexo Desportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, palco das Olimpíadas de 2016.
Em 2011, os atletas de alto rendimento passaram a integrar o Instituto Meninos do Lago (Imel), criado como um desdobramento da atividade socioesportiva para regularizar a participação em competições oficiais.
A contribuição significativa do Imel para a canoagem do País levou atletas para campeonatos internacionais, Olímpiadas e, no último mês de julho, para o Pan-americano de Lima, no Peru. Na competição, o Brasil teve a melhor campanha da canoagem de sua história, com cinco medalhas – três delas de atletas do Imel.
Ana Sátila – canoísta do Imel – e Pedro Gonçalves, o “Pepê”, foram os outros brasileiros medalhistas da competição e conquistaram duas medalhas de ouro cada. Ambos têm sua vida ligada ao Canal Itaipu, onde aperfeiçoaram a técnica e viraram referências mundiais do esporte.
Entre os medalhistas também está Felipe Borges, iguaçuense “criado” nas águas do projeto, que trouxe para o município a medalha de bronze do Pan-americano. Em 2009, Felipe começou a dar remadas em piscinas, no bairro Morumbi, região periférica de Foz, e hoje é um exemplo para os novos atletas.
“Conheci mais de 20 países pelo projeto, participei de diversas competições e me tornei medalhista pan-americano. Mas, principalmente, pude confirmar o poder transformador dessa iniciativa. É isso que desejo mostrar para as próximas gerações de canoístas”, disse Felipe, orgulhoso.
Meninos do Lago
Outra história de destaque do projeto é a de Wallan Carvalho, 21 anos. Junto com o irmão gêmeo, Welton, começou no esporte aos 11 anos, no ano em que o projeto foi criado. Hoje, ele é técnico das equipes de canoagem e paracanoagem do instituto.
Wallan começou as aulas na Vila C e, com os treinos, ele e o irmão tornaram-se revelações e chegaram a defender a Seleção Brasileira no Mundial em 2014. Segundo ele, o projeto foi o responsável pela mudança em sua vida e ofereceu oportunidades que ele nunca tinha imaginado, valores que agora repassa aos alunos.
“Enquanto nossos amigos queriam futebol, eu e meu irmão estávamos apaixonados pela canoagem. Todos os meus objetivos de vida são relacionados ao esporte, e o projeto foi o responsável por isso”, relembrou Wallan.
O atual presidente do Imel, William Soares de Oliveira, foi mais um participante que continuou trabalhando pelo instituto. Quando criança foi um dos participantes do Meninos do Lago e também integrou o Programa de Iniciação e Incentivo ao Trabalho (PIIT), outro projeto social de formação mantido pela Itaipu Binacional, em parceria com a Guarda Mirim de Foz.
“Quando entrei na canoagem, nunca tinha ido além do Oeste do Estado. Pelo projeto, conheci vários estados, países e a filosofia de vida que só o esporte pode proporcionar: temos adversários, porém, devemos sempre manter a união e o respeito”, afirmou William.
Assessoria