O governador Carlos Massa Ratinho Junior e técnicos da Secretaria de Infraestrutura e Logística apresentaram na última semana ao grupo China Merchants projetos ferroviários de curto, médio e longo prazos no Paraná. A empresa é uma das gigantes do setor logístico e comprou recentemente o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). O encontro teve como intuito acelerar o desenvolvimento dos projetos que vão culminar com o corredor ferroviário Dourados-Paranaguá.
O governador agradeceu a parceria que já existe com o grupo chinês e disse que 44% das exportações paranaenses têm como destino o país asiático. “A vocação do Paraná é produzir alimentos e a ideia é construir uma relação duradoura com a China que, pela população que tem, possui uma demanda grande nessa área. Para isso, precisamos de muitos investimentos em infraestrutura, chegando a uma logística mais barata e mais eficiente para o mercado da Ásia”, destacou.
“Vamos levar esses projetos apresentados pelo Paraná também a outros grupos chineses para serem estudados. A ferrovia, a rodovia e os portos estão fortemente ligados entre si”, destacou o vice-presidente executivo da China Merchants, Wang Hong.
PLANEJAMENTO – De acordo com estudos do Governo, cerca de 10 milhões de toneladas circularam pelas ferrovias paranaenses com destino aos portos do Paraná em 2018, contra 43 milhões de toneladas transportadas por caminhões, o que mostra o desequilíbrio no escoamento.
Para dar conta da crescente demanda da sociedade, do agronegócio e da necessidade de estruturar o Paraná como centro logístico da América do Sul, os investimentos a médio prazo preveem um corredor intermodal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, com previsão de contratação de projeto e Evetea (Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) para este mês e lançamento do edital em 2021. A ligação está orçada em cerca de R$ 1,6 bilhão.
O projeto prevê o transporte por via fluvial e terrestre entre Foz do Iguaçu e Cascavel pela nova perimetral leste, parte do projeto milionário da segunda ponte entre o Brasil e o Paraguai, além do transporte ferroviário, o que concretizará aumento expressivo da movimentação de trens e cargas no Oeste do Paraná, ampliando a geração de emprego e o PIB do Estado. A mudança no maior porto seco do País, em Cascavel, por onde transitam 150 mil caminhões por ano, permitirá integração inédita e rápida entre as três vias.
O projeto a longo prazo é concretizar a ligação Dourados-Paranaguá, com a integração do trecho intermodal Foz do Iguaçu-Cascavel, que pode trazer potencial de exportação inédito ao Estado. Haverá as linhas Cascavel-Guarapuava-Irati-Lapa-Litoral, cobrindo uma região estratégica para o País e o continente. A nova ligação teria 1.000 quilômetros.
A ideia é que 50 milhões de toneladas de cargas, entre exportações e importações, sejam transportadas por este ramal, entre milho, soja e carnes, com retorno de fertilizantes e calcários por parte da China. O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, ressaltou a importância desse projeto, já que 54% da produção daquele estado é exportada para a China.
“Nosso Estado é um grande exportador de alimentos, celulose, produtos industrializados e commodities para a China e temos interesse de aproximar esse comércio, principalmente ligando o Porto de Paranaguá ao Oceano Pacífico. Isso vai melhorar a competitividade dos produtos exportados aos países asiáticos e também vai baratear a entrada de produtos chineses para o mercado consumidor do Brasil”, afirmou Azambuja.
O grupo chinês conheceu também o projeto de concessão de rodovias do Paraná, que prevê a ampliação da malha rodoviária dos atuais 2,5 mil quilômetros para 4,1 mil quilômetros, ligando importantes rodovias federais e estaduais ao Porto de Paranaguá.
FERROESTE – A Ferroeste, empresa estatal de trens que opera o trecho Cascavel-Guarapuava, conquistou marca fundamental na nova gestão. Em apenas sete meses atingiu o mesmo faturamento de todo o ano passado, com aumento expressivo da movimentação de cargas e corte nos gastos públicos. A empresa também prepara a implementação do Programa de Compliance e a recomposição da margem de investimento em infraestrutura e maquinário.
CHINA MERCHANTS – O grupo China Merchants é uma corporação estatal da República Popular da China. Com sede em Hong Kong e 146 anos de história, atua em três principais vertentes de negócios: transporte e estrutura relacionada (portos, rodovias com pedágios, transporte de energia e logística, reparo de navios e engenharia de alto-mar); finanças (bancos, seguradoras e fundos de investimento); e propriedades (zoneamento e desenvolvimento do mercado imobiliário).
O fluxo de contêineres da corporação a torna líder mundial nesse setor. É também o maior grupo investidor em infraestrutura rodoviária da China. O faturamento da empresa em 2018 foi de R$ 78 bilhões. Ela tem 230 mil funcionários, atua em 32 países e administra 8.354 quilômetros de rodovias e 79 centros logísticos.
AEN