Na tarde deste sábado, 27, representantes dos principais partidos políticos de oposição ao governo de Mario Abdo Benítez, no Paraguai, realizaram um protesto em frente ao ANDE, a Administração Nacional de Eletricidade, em Assunción, pedindo o impeachment do presidente.
A oposição é contra a mudança nos termos do acordo para a exploração da energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que foi assinada por Benítez e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em maio desse ano. De acordo com os manifestantes, o novo acordo aumentará o preço de energia paga pela população paraguaia.
Segundo os representantes partidários, o acordo vai gerar um prejuízo de 250 milhões de dólares a ANDE. Com o lema “Marito vende pátria”, os manifestantes dizem que o novo acordo representa uma traição ao país. Os termos do acordo foram divulgados apenas na última quarta-feira, 24, após a renúncia do presidente da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), Pedro Ferreira. Ele se recusou a assinar a ata do novo acordo.
Pelo acordado, a estatal paraguaia teria de aumentar a entrega anual de energia não consumida pelo Paraguai, para o Brasil, a partir deste ano e até 2022. O preço da energia comprada de Itaipu oscila em torno de US$ 41. O excedente custava entre US$ 30 e US$ 35 para a ANDE, o que permitia à empresa lucrar significativamente. No entanto, desde janeiro, a Eletrobras estaria reclamando pelo uso da energia excedente pelo Paraguai.
De acordo com Fabián Cáceres, ex-gerente técnico da ANDE, o novo acordo obriga o Paraguai a comprar mais energia segura, ou aquela que tem maior custo. Isso implicará em uma aquisição menor de energia excedente, a mais barata. Segundo ele, “o Brasil conseguiu o que perseguia havia dez anos pelo menos”.
A ata bilateral assinada pela ANDE e a Eletrobras, mediada pelos respectivos ministérios de Relações Exteriores, estabelece um incremento anual de compra de energia garantida de parte da ANDE. O impacto imediato é de 12% e em 2022, chagará a 70%. Cáceres afirmou ainda que o Brasil pressionou para que as negociações saíssem do campo técnico e fossem tratadas no nível político.
Já o presidente Mario Abdo Benítez defendeu o acordo. “Por anos o Paraguai acessou a essa energia excedente acima do que lhe correspondia. O que fizemos foi demonstrar que somos sérios e não necessitamos migalhas de ninguém”, afirmou.
Na mesma linha, o Embaixador do Paraguai no Brasil, Hugo Saguier, assegurou que o acordo não afetará a tarifa de consumo e representa um grande triunfo para o seu país.
O novo presidente da ANDE, Alcides Jiménez também saiu em defesa do entendimento. “O que o acordo estabelece é um cronograma de compra gradual da ANDE, para que, na hora de renegociar o Tratado, em 2023, tenhamos uma maior quantidade de energia”, explicou. Em 2023, o Tratado de Itaipu completa 50 anos.
Fonte: Jornal Última Hora e Inforel.org