A Receita Federal anunciou no fim do mês de junho que passará a cobrar uma tarifa extra-Mercosul para o setor de peças automotivas importadas do Paraguai. Apesar de os dois países fazerem parte do Mercosul, a indústria automotiva ficou de fora do regime comercial estabelecido pelo bloco, o que permitiu que a Receita aplicasse a tarifa sobre as peças de carros produzidas no Paraguai e trazidas para serem montadas no Brasil.
O setor de autopeças emprega 12 mil pessoas no Paraguai, e movimenta pelo menos 300 milhões de dólares por ano. De acordo com o jornal Última Hora, a taxa extra imposta pelo Brasil põe em risco todo o setor, já que o Brasil importa a maioria da produção paraguaia. Em 2018, 83% da produção foi enviada ao Brasil. Só em 2019, o Brasil já pagou 116 milhões de dólares ao Paraguai.
Os empresários afirmam que com a taxa extra as despesas não fecham, não sendo possível vender ao consumidor final. De acordo com o jornal, algumas empresas cancelaram o envio de cargas de peças para o Brasil, o que obrigou uma reunião urgente com o governo paraguaio.
Em regime de urgência, o governo do Paraguai anunciou nesta terça-feira que propôs ao Brasil um acordo. O ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Luis Alberto Castiglioni, também discutiu a questão em reunião com os ministros de Fazenda, Benigno López, e de Indústria e Comércio, Liz Cramer. A presidente da Cemap, Carina Daher, também esteve no encontro.
Cramer informou após a reunião que o governo decidiu tomar ações de curto e médio prazo para solucionar a questão, entre elas a minuta de acordo proposta ao Brasil. O documento já foi entregue ao encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Assunção e também foi enviado para que o embaixador paraguaio em Brasília, Hugo Saguier, apresentasse diretamente a proposta ao Itamaraty.
Fonte: Jornal Última Hora e EFE. (Foto: Jornal Última Hora)