Da mesma maneira como em março, o mês de maio agora também chama a atenção para as mulheres.
Neste contexto, a Pastoral da Diversidade Sexual do Iguaçu (PDS-Foz), um serviço social da Paróquia Anglicana Santo Agostinho de Cantuária, promoverá um diálogo aberto sobre o tema Cristianismo e Feminismo: Das Marias de Jesus à Maria da Penha. Marcado para este sábado (25), o primeiro encontro do ano vai começar a partir das 20h, e terá como convidada a reverenda Selma Almeida Rosa, que é membro da Rede Municipal de Enfrentamento à Violência Doméstica e Sexual contra a Mulher, da Prefeitura de Londrina.
O evento se propõe a ser um momento de reflexão acerca dos esforços empregados para a conquista da equidade de gêneros na sociedade. Finalizado o diálogo, haverá uma confraternização com a contribuição dos participantes, os quais podem levar um prato doce ou salgado, destinado à mesa solidária.
Para abrir a ocasião, a reverenda Selma, que é mestre em Educação e graduada em Letras e em Teologia, vai proferir uma palestra relacionada à temática da vez como ponto de partida. As Marias que acompanharam Jesus Cristo, de acordo com o reverendo Elias Mayer Vergara, percorreram “um caminho de profunda libertação do machismo e do patriarcalismo de seu tempo, e, até chegar à recente história do movimento de libertação promovida por Maria da Penha, há muito a ser relatado. Bastante sofrimento e morte, mas também muitas vitórias e muitos avanços civilizatórios”.
Este mês, segundo Édina Mayer Vergara, professora visitante da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), carrega um forte apelo de ressignificação das mulheres na atual conjuntura. “Saímos do tempo em que maio era apenas lembrado pelas noivas para celebrar o casamento ou pelos filhos, que, somente no segundo domingo do mês, presenteavam suas mães com o firme propósito de recompensá-las por todo seu trabalho, carinho, cuidado e amor. Lembramos de sua luta histórica e de suas demandas contemporâneas. O mês ainda é cor de rosa, porém, cada vez mais, as demandas celebrativas, contestatórias e memoriais são multicolores,” observa Édina.
Jesus Cristo, conforme relembra o reverendo Elias, se insurge contra a igreja institucional que “marginalizava o sexo feminino desde a época de Eva, quando a mulher foi colocada à margem da história e culpabilizada pela origem do pecado. No processo da salvação, Jesus entra na história pelo ventre de uma mulher que ainda não era casada. Uma gravidez marginal. E assim segue o caminho dele, sempre contemplando várias mulheres que a cultura religiosa desprezava e criminalizava. Apóstolas, discípulas, companheiras até o escárnio da cruz e mulheres testemunhas da ressurreição de Cristo”.
Como ressalta a professora Édina, a igreja institucionalizada nas tradições católicas e protestantes não seguiram o ensinamento de Jesus a respeito da equidade de gênero, marginalizaram e culpabilizaram as mulheres, e afastaram-nas dos cargos de soberania. No entanto, “foi possível perceber, nas últimas décadas, diálogos de evangélicos e de algumas correntes do protestantismo histórico com o movimento feminista. Houve uma série de mudanças na conduta dessas instituições, que colocaram as mulheres em todos os espaços de serviço e de governança. Surgiram, então, pastoras, reverendas, bispas, doutoras em Teologia e mulheres no cargo de presidente nas igrejas”.
A Paróquia Anglicana Santo Agostinho de Cantuária está localizada na Rua Maurício Resende Rodrigues, nº 143, no bairro Jardim Polo Centro, próximo à RPCTV. Informações pelo telefone (45) 99820-8181 (reverendo Elias Mayer Vergara).
Texto: Derliz Moreno/PDS-Foz