Fonte: Unila
Os primeiros momentos dos calouros da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) foram preenchidos por muita informação sobre a nova “casa” e rotina dos estudantes, mas também foram marcados por muita emoção e diversão.
A emoção ficou a cargo do artista plástico haitiano Dady Simon, que presenteou a UNILA com um quadro, em agradecimento à Universidade que passa a ser sua. A entrega do presente foi feita durante a apresentação do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (ILAACH), na recepção de calouros. Simon é calouro de Letras – Artes e Mediação Cultural.
O sonho de ser “unileiro”, no entanto, começou em 2015, quando veio a Foz do Iguaçu para tentar uma vaga na Universidade, mas não conseguiu. Ele participava de eventos, no Jardim Universitário, recitava poesias e já compartilhava sua arte na cidade. “A minha presença aqui foi a partir de muita luta. E é um grande orgulho poder acompanhar uma universidade que integra muitas nações”, afirma.
Foi inspirado nessa integração que ele desenhou o quadro. O discente conta que a obra presenteada traz um conjunto de continentes – que inclui a América Latina e a África –, com representações de uma diversidade de cores e pessoas, com olhos fechados, além de flechas em duas direções. “Isso é uma forma de mostrar que estamos aqui para abrir horizontes, captar aprendizados e também para compartilhar, cada um com sua cultura, um abrindo os olhos do outro, nessa diversidade de cores, em uma só instituição”, explica.
Ainda a ser explorada pela grande maioria, a UNILA já não é uma novidade para Isabella Caroline Sachini Lorena, de 17 anos, moradora de Santa Terezinha de Itaipu. Ela passou pela experiência de ser bolsista de Iniciação Científica da Universidade, desenvolvendo um projeto na área que escolheu – a Biotecnologia – ainda no ensino médio. “Fiz um ano de projeto, convivendo com professores, estudantes, olhando espaços, vendo como é a forma de a UNILA se organizar. Esse projeto de integração foi muito lindo, com pessoas da Colômbia, da Bolívia. Foi sensacional pra mim”, conta.
Depois de um ano como bolsista, Isabella apresentou os resultados de seu trabalho na escola e se tornou referência para os colegas, que passaram a conhecer melhor a UNILA, a atuação da Universidade e suas forma de ingresso, via Sisu. O projeto também ajudou a jovem estudante a ter a certeza de que o sonho de estudar ciências e, mais recentemente, Biotecnologia podia se tornar realidade. “Foi algo que me encantou e eu me apaixonei. Eu já amo a UNILA.”
Veteranos comprometidos
Os novos estudantes contam com ajuda dos veteranos para começar uma nova etapa de vida, agora como universitários. O colombiano Steev Rodríguez saiu de Cáli para estudar Cinema e Audiovisual. Ele conta que, na chegada, foi recepcionado por um veterano do Peru, do curso de Serviço Social. “Me hospedei na casa dele e já vamos dividir moradia”, relata o calouro, que diz estar com muitas expectativas quanto à Universidade. “A UNILA me oferece a multiculturalidade, a oportunidade de fazer pesquisa sobre a cultura, o cinema e o pensamento artístico latino-americano”, diz.
A ajuda dos veteranos e as expectativas de conviver com esse ambiente multicultural também motivaram a estudante mexicana Ashli Martinez a vir à UNILA. Caloura do curso de Biotecnologia, ela lançou uma voz de “socorro” nas mídias sociais, na tentativa de buscar local de moradia em Foz do Iguaçu. Ashli foi escutada pela compatriota Eilee Gonzáles, veterana do curso de Letras – Artes e Mediação Cultural. “Fiquei preocupada por ela não ter onde ficar e me lembrei de quando cheguei na cidade. Pra mim foi mais fácil porque já tinha moradia, e queria que a colega tivesse uma boa experiência também. E pelo fato de ela ser mulher, também houve uma empatia maior”, conta Eilee.
Aluna do curso de Cinema e Audiovisual, Caroline Moreira Rodrigues, conta ainda com o apoio dos servidores do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UNILA. Surda, Caroline escolheu a carreira por afinidade e estimulada pelas experiências de amigos. “Eles são referência para mim hoje e me ajudaram a compreender a importância de buscar me aprofundar e me apropriar mais”, contou. Na matrícula, ela foi acompanhada pelo intérprete de Libras Anderson Gonçalves Guimarães. “Eu acredito que nós, surdos, portemos uma cultura visual já inserida em nós e, por isso, faz parte do nosso ser. A área de Cinema também vai me desenvolver em diversas outras áreas, sobretudo na questão da criatividade e da produção, que de certa forma eu já tenho desenvolvido, já é algo mais natural, algo próprio”, comentou.
Embora tenha afinidade – e facilidade – com as artes visuais, fotografia e design, ela sabe que terá de se esforçar. “Não significa que eu, como uma pessoa deficiente, não vá passar por problemas, por lutas ou que eu também não terei desafios. Mas, antes de qualquer coisa, temos de lembrar a importância da arte, acima de tudo nas nossas vidas”, ensina.
Institutos
O primeiro dia de aulas foi reservado à apresentação dos cursos pelos Institutos. “Essas ações de recepção estão sendo importantes para conhecer a estrutura física e para entender toda a história da UNILA”, ressalta Letícia Engel, caloura de Ciência Política e Sociologia, que acompanhou atenta a apresentação realizada pelos docentes do Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política (ILAESP).
Além do ILAESP e do ILAACH, houve apresentações feitas pelo Instituto Latino-Americano de Tecnologia, Infraestrutura e Território (ILATIT) e pelo Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza (ILACVN). Os estudantes puderam participar, ainda, de oficinas com orientações sobre a rotina universitária; mesas de debate; atividades de recepção por parte dos veteranos, centros acadêmicos e atléticas; e visitas guiadas ao PTI (laboratórios, salas de aula, restaurantes, auditórios e demais estruturas) e à Biblioteca da UNILA (BIUNILA). Durante as atividades de recepção, houve espaço também para a divulgação das atléticas, que são organizadas pelos estudantes dos cursos de graduação.