A Polícia Civil do Paraná prendeu, em uma semana, 282 homens por prática de crimes contra a mulher em todo Estado. O balanço parcial da Operação Respeito, divulgado na sexta-feira (8) em Cascavel, informa que 241 suspeitos foram autuados em flagrante por violência doméstica e outros 41 foram presos por mandados de prisão, incluindo suspeitos de autoria de feminicídio. A Operação Respeito termina às 18h desta sexta-feira.
Entre as prisões em flagrante, as unidades com maior número de registros no período foram a Divisão Policial Metropolitana, que prendeu 33 suspeitos, a Delegacia da Mulher da Capital (19), a Delegacia da Mulher de Ponta Grossa (19) e a Delegacia da Mulher de Maringá (18).
Os mandados de prisão foram cumpridos nas Delegacias da Mulher de Jacarezinho (8), Toledo (7), Maringá (6), Capital (5), Londrina (3), Pato Branco (3), Foz do Iguaçu (2), São José dos Pinhais (2), Umuarama (2), Telêmaco Borba (2) e Francisco Beltrão (1).
Segundo o coordenador da operação e delegado-chefe da Divisão de Polícia Especializada, Alexandre Macorin de Lima, a maioria dos crimes foi de ameaça e agressões físicas. Foram registrados 3 feminicídios nas cidades de Curitiba, Foz do Iguaçu e Toledo, além de 2 tentativas de feminicídio, uma em Cascavel e outra em Francisco Beltrão.
Alexandre falou sobe a importância da denúncia diante da violência doméstica. “Não deixem de procurar a delegacia diante de uma mulher agredida. Não só as vítimas, mas os vizinhos, os parentes ao observar uma mulher ser agredida devem evitar um mal através da denúncia”, diz.
CARNAVAL – A escolha do período de Carnaval para a força-tarefa foi motivada pelo aumento no consumo de bebida alcóolica durante as festa e a respectiva ocorrência de crimes dessa natureza. Os locais de prisão foram diversos, desde blocos de Carnaval até residências. A ação da Polícia Civil contou com o apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal, que colaboram através da Patrulha Maria da Penha.
Apesar da Operação Respeito ser pontual, o coordenador da operação afirma que o trabalho de combate à violência contra a mulher é exaustivo e rotineiro. Existem 20 Delegacias da Mulher no Paraná. Todas as prisões geram inquérito, o que reforça o poder de investigação e punição diante deste tipo de crime.
OPERAÇÃO RESPEITO – A ação conta com a participação de 250 policiais civis e recebeu o nome de Operação Respeito em alusão ao Dia Internacional da Mulher.
As ações tiveram início no sábado de Carnaval. A força-tarefa agilizou todos os pedidos de medidas cautelares e prisões referente aos casos de violência contra a mulher que ocorreram durante o período de Carnaval com intuito de dar uma resposta rápida contra esses crimes de gênero.
CRIMES EM CASCAVEL – Em 2019 foram registrados um feminicídio consumado e 3 tentativas na cidade de Cascavel, além de outros duas tentativas de feminicídio em cidades vizinhas.
A delegada-chefe da Subdivisão Policial de Cascavel, Mariana Antonieta Badotti, lembra que a violência contra a mulher não se resume ao enfrentamento por parte da segurança pública. O atendimento multidisciplinar é essencial para o enfrentamento e por isso estão sendo feitas readequações na unidade da cidade.
Em 2017 e 2018 foi feito um diagnóstico pela Delegacia de Cascavel em relação aos crimes praticados contra a mulher. Segundo Mariana, a maioria foi praticada na residência da vítima ou locais que ela costuma frequentar. Em relação à motivação foi constatado que a mulher tinha revelado o desejo de separação, que não era de acordo do companheiro. Devido à possessividade, o autor é levado à prática de violência contra a mulher. Nem todas as vítimas haviam sofrido violência antes, e muitos dos autores que cometeram feminicídio não tinham passagem pela Polícia.
Diante desse diagnóstico, Mariana analisa outras características em relação à violência doméstica. “Era comum a reiteração da violência. No momento é verificada outra característica. Começamos a perceber a possessividade, o homem tratando a mulher como propriedade. É um fator comportamental importante para identificar nos relacionamentos. Como se desenvolve entre quatro paredes alertamos a sociedade a identificar uma situação que pode evoluir de algo normal para algo letal”, afirma.
AEN