A Itaipu Binacional será a principal interlocutora entre o Estado do Paraná e o Paraguai no desenvolvimento de projetos de infraestrutura que, nos próximos anos, devem transformar a logística e aprofundar as relações bilaterais entre o Brasil e o país vizinho. O anúncio foi feito pelo governador eleito do Paraná, Carlos Ratinho Júnior, nesta segunda-feira (10), durante reunião do Conselho do Sebrae-PR, em Curitiba, com a presença de diretores da Itaipu e de representantes do G7 – grupo de entidades empresariais paranaenses que representam o conjunto das forças econômicas do Estado.
Para reforçar o apoio do país vizinho aos projetos idealizados pelos paranaenses, o diretor-geral paraguaio da Itaipu, José Alberto Alderete Rodríguez, participou do encontro. Foi a primeira vez que um mandatário paraguaio de Itaipu esteve em uma reunião do G7. Ele referendou os projetos que, aos poucos, já estão sendo tratados, como o acordo de cooperação técnica assinado ao fim da reunião, entre a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e o Sebrae-PR, para levar adiante o projeto “Políticas públicas e fiscais para a melhoria do ambiente político e empresarial do Estado do Paraná”.
Pelo projeto, o Sebrae-PR vai coordenar, juntamente com a FPTI, o programa de desenvolvimento nos 24 territórios paranaenses, com duração de quatro anos – de 2019 a 2022.
Com a interlocução e o apoio financeiro da Itaipu, outros projetos já estão a caminho e alguns, de maior projeção e impacto, sendo gestados. A construção de duas novas pontes entre Brasil e Paraguai – financiadas pela Itaipu e que devem ser oficialmente anunciadas ainda este mês – faz parte do rol de iniciativas que, amadurecidas as parcerias, devem se multiplicar e revolucionar a integração logística da região.
O comércio exterior do Paraguai é altamente integrado e complementar ao dos países vizinhos, em especial ao do Brasil. O Brasil é, tradicionalmente, o principal mercado para os produtos de exportação paraguaios e está entre os principais fornecedores do Paraguai. Segundo o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, entre 2002 e 2013 o fluxo de comércio bilateral elevou-se de US$ 942 milhões para US$ 4 bilhões, o que corresponde a um aumento de cerca de mais de 300%. No mesmo período, as exportações brasileiras para o Paraguai cresceram de US$ 559 milhões em 2002 para US$ 2,9 bilhões em 2012.
No começo deste mês, Ratinho Júnior levou ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, a proposta de retomada de um projeto de integração dos oceanos Atlântico e Pacífico. A ligação ferroviária e rodoviária entre os portos de Paranaguá (Paraná) e Antofagasta (Norte do Chile) seria feita com recursos da binacional.
“Estaríamos criando ‘um novo Canal do Panamá’, o que seria um ganho logístico maravilhoso para a América Latina”, ressaltou Ratinho. “E a Itaipu pode ser uma ferramenta estratégica e até indutiva na elaboração do projeto, para a gente poder trazer investidores do mundo todo para colaborar com essa obra, que será talvez a mais importante da América Latina”, destacou o governador eleito. “Nesse processo, Brasil e Paraguai seriam líderes de uma nova logística de integração para o continente.”
Essa proposta da ligação é de absoluto interesse do Paraguai porque necessariamente passaria pelo país vizinho, que se tornaria um hub de importações e importações dos mercados que utilizam os dois oceanos, Pacífico e Atlântico, para suas transações internacionais. O Paraguai, inclusive, já está se modernizando e criando infraestrutura rodoviária para isso.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Marcos Stamm, é uma honra para a Itaipu colaborar mais uma vez para a união de esforços entre brasileiros e paraguaios. “Este sentimento que nos une é o mesmo que nos fez chegar, agora, à marca 2,6 bilhões de MWh de energia já gerada pela usina, um índice sem paralelo no mundo. É com essa força que nos colocamos à disposição para ajudar o Paraná e o Paraguai a se desenvolverem, pois todos nós ganhamos com isso.”
Segundo o diretor-geral paraguaio, José Alberto Alderete Rodríguez, é fundamental fortalecer as relações entre os dois países, “principalmente com o Paraná”, para que o comércio, a indústria e a produção possam integrar-se permanentemente. “Para nós, o Estado do Paraná é um mercado com 12 milhões de habitantes e, para o Paraná, o Paraguai é um país que tem ótimas condições para que se possa investir e produzir matéria-prima, industrializar lá e vender aqui [no Paraná].”
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-PR, Ágide Meneguette, comemorou a convergência de esforços. “Este é um momento muito feliz porque temos uma oportunidade ímpar para iniciar uma grande integração com o Paraguai, nos setores de agroindústria e infraestrutura”, disse. No entanto, segundo Meneguette, é preciso ir além. “Ficamos muito satisfeitos pelo interesse da Itaipu em colaborar com o planejamento estratégico do Paraná, mas o sucesso da iniciativa vai depender também do engajamento da sociedade com o setor produtivo.”
Também participaram do encontro o diretor de Coordenação da Itaipu, Newton Kaminski; o diretor financeiro executivo, Mario Cecato; o diretor jurídico, Cezar Ziliotto, o diretor-superintendente do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Jorge Callado; e o diretor administrativo-financeiro do PTI, Andrei de Oliveira Rech.
Assessoria