Com a chegada do verão, no próximo dia 21 de dezembro, autoridades sanitárias de todo país, põem-se alertas para a prevenção e combate à dispersão do vírus da febre amarela. Reunidos em Foz, no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), gestores da saúde do Brasil, Argentina e Paraguai, além de representantes da organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Secretaria Municipal de Saúde, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Itaipu Binacional (GT Saúde) e Fundação Itaiguapy, debatem e atualizam informações sobre a doença na tríplice fronteira.
A imunização da população ainda é um dos meios mais eficazes no combate à doença, seguida pelo monitoramento de vetores. O avanço verificado dentro da geografia do país, de regiões já afetadas, aponta para o Paraná, ainda sem casos registrados. Dentro do monitoramento, a região da tríplice fronteira é um dos espaços de alerta para a vigilância e acompanhamento.
A circulação do vírus e casos confirmados nos últimos dois verões, especialmente no sudoeste do país, mostrou um avanço três vezes maior que o detectado há 36 anos. “Entre 1980 e 2016 tinha pouco menos de 800 casos de febre amarela. Nos últimos dois verões, registramos cerca de 2200 casos no país”, alertou Renato Vieira Alves, coordenador-geral de enfermidades Transmissíveis do Ministério da Saúde.
O alerta para a incidência futura no Paraná, segundo Vieira, aponta para registros do vírus no Vale do Ribeira, direção sul de São Paulo, indicando que o caminho para o estado é um forte candidato a ocorrência. “É uma probabilidade. Estamos torcendo para que não aconteça, mas as condições existem para acontecer com a chegada do verão. Por isso a necessidade dessa conversa”.
A notícia não é novidade para os paranaenses, mas coloca em alerta a necessidade de reforçar informações cruzadas entre os agentes nos três países. O monitoramento no estado vem sendo feito com intensidade desde 2017. “Fizemos uma mostra com 182 municípios desde janeiro de 2017 a 2018, e não foi encontrado nada. Não temos epizootias (doença que ocorre em uma população animal não-Homo sapiens, semelhante a uma epidemia em seres humanos), nem epizootias positivas. Último caso autóctone foi em 2008. Estamos há dez anos sem registro”, garantiu Júlia Valéria Ferreira representante da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná. Segundo ela, o Paraná tem estado em alerta desde os registros da doença em São Paulo há dois anos. “Fizemos reforço vacinal de todos municípios que faziam fronteira com os estados afetados”.
Integração
Com a projeção, a necessidade de sincronizar ações foi motivada pelo OPAS. “Estamos acompanhando o problema da epidemia da febre amarela no país, como parte desse trabalho para que outros estados exponham suas experiências, para que esse trabalho de prevenção possa ser feito. Através da OPAS os países estão conectados. O que desejamos é que o trabalho principal seja que as pessoas deixem de estar suscetíveis ao vírus, com a vacina, essa é a principal estratégia”, disse Juan Cortez, consultor nacional da OPAS.
Em ambas fronteiras, o vírus circula, mas sem a intensidade verificada no Brasil. Para Oscar Salomão, diretor do Instituto Nacional de Medicina Tropical de Puerto Iguazu, a principal estratégia adotada na fronteira deverá ser o compartilhamento de informações, além do protocolo comum de ações. “Esse encontro é uma oportunidade”.
A mesma opinião foi dividida por Robson Avelar, gerente do laboratório de Saúde Única da fundação Itaiguapy, que considera o momento de cooperação técnica, necessário. “Existe preocupação nacional com a febre amarela, e esse é um movimento contínuo de buscar controle para prevenção”. Os esforços, segundo ele já estão sendo feitos há algum tempo com intuito de promover troca de conhecimento entre os países e instituições ligadas à saúde.
Foz do Iguaçu
A iniciativa também trouxe alerta à secretaria de Saúde, especialmente aos órgãos de atenção, como Centro de Controle de Zoonoses e Vigilância Sanitária. “Como a epidemia chegou a São Paulo, o Paraná precisa se prevenir e se antecipar. Temos condições de nos organizar previamente com ações de vigilância e vacinação. Se traçarmos um plano de enfrentamento e contingência temos condição de enfrentar possível epidemia de forma muito mais estruturada evitando assim o agravamento da situação”, disse a secretária de Saúde, Kátia Yumi Uchimura.
A secretária salientou a importância da imunização e do monitoramento, como ações fundamentais para a prevenção. Na cidade, o monitoramento de animais mortos, é feito pelo CCZ com auxílio do estado. “Fazemos a verificação constante para a presença do vírus. Dezembro é um mês crítico e as medidas adotadas devem ser redobradas”, garantiu o diretor do CCZ, Carlos Santi.
O apelo das autoridades é que a população busque imunização e auxilie na detecção. “A população precisa saber que quando encontra macaco morto é preciso saber informação, é preciso que todos estejam envolvidos na detecção. A comunicação precisa ser clara, qual o risco que corre se não se vacinar”, recomendou o representante do Ministério da Saúde.
A dose contra a febre amarela é única, e pode ser ministrada em crianças a partir dos 9 meses (com contra indicações em casos específicos, como imunossupressões, alergias à vacina, entre outras). A vacina está disponível na rede municipal nos postos com sala de vacina.
Assessoria