Uma parceria da Itaipu Binacional com o Instituto Life e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) vai permitir avaliar as diversas ações socioambientais da hidrelétrica em toda a sua área de influência. O objetivo é desenvolver um padrão de gestão territorial sustentável com reconhecimento internacional. O projeto, que terá quatro anos de duração, parte da experiência da Itaipu em sua região e também da Certificação Life (obtida pela Itaipu em 2015), que atesta a efetividade das ações de conservação de biodiversidade em ambas as margens (áreas protegidas, programas de fauna terrestre e aquática).
“A preocupação com o desenvolvimento territorial sempre esteve presente nas ações da Itaipu Binacional, desde a sua construção, iniciada nos anos 1970”, afirma o diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, Newton Luiz Kaminski. “Com o passar do tempo, essa atuação, antes restrita aos municípios lindeiros (os afetados pela formação do reservatório), foi ampliada no lado brasileiro, chegando hoje a 53 municípios no Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Futuramente, a metodologia poderá ser aplicada às bacias hidrográficas de mais de 200 municípios que contribuem com a geração de energia da binacional”, acrescenta.
São ações que vão desde cuidados com o meio ambiente e a proteção da biodiversidade a projetos sociais e de desenvolvimento econômico, dentro de um conceito amplo de sustentabilidade territorial. As iniciativas são realizadas em parceria com prefeituras, cooperativas, órgãos de governo e instituições de ensino e pesquisa, beneficiando uma população de mais de um milhão de pessoas.
Porém, a escala dos projetos sempre representou um desafio em relação aos indicadores: como avaliar com precisão a efetividade dessas iniciativas para a melhoria das condições sociais e ambientais do território? E essa é uma questão que não interessa apenas à Itaipu. Em todo o mundo, organizações internacionais que atuam no desenvolvimento territorial enfrentam o mesmo desafio, mais especificamente para o atingimento das metas dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que fazem parte da Agenda 2030 da ONU.
Assinada em setembro, a parceria entre Itaipu, Instituto Life e PTI permitirá aprofundar os estudos já realizados na região. “Neste projeto, além de ampliar os tipos de indicadores, que passam também a considerar as variáveis sociais, econômicas e culturais, há uma ampliação do território para além da usina, abrangendo a área de influência da Itaipu no Brasil e no Paraguai”, explica a diretora executiva do Instituto Life, Maria Alice Alexandre.
No projeto, os estudos serão conduzidos por grupos de trabalho temáticos nas áreas ambiental, social, cultural e econômica, contando com a participação de diversos especialistas, representantes da Itaipu (Brasil e Paraguai), PTI, Instituto Life, e beneficiários das ações. “É importante a participação dos atores locais para a validação do modelo de gestão, que também contará com um processo de benchmarking internacional”, diz a gerente técnica do Life, Regiane Borsato.
A partir da constituição dos grupos de trabalho, serão realizados workshops técnicos, consultas públicas, reuniões com representantes da comunidade e testes de campo. Essa participação local se dará em vários momentos ao longo do projeto, que também incluirá o desenvolvimento de um software por parte do PTI. “Um dos objetivos é, também, transformar o PTI em um centro de referência regional para a aplicação desse padrão de gestão territorial”, completa a coordenadora técnica ambiental do Life, Karen Barbosa.
Por fim, uma das metas é o reconhecimento internacional do Instituto Life pela Iseal (International Social and Environmental Standards Alliance) iniciativa global que reconhece padrões ambientais e sociais voluntários. Um dos cuidados da Iseal é validar apenas iniciativas inéditas que consideram critérios de transparência, isenção de conflitos e comprovação de resultados para a sociedade, evitando, dessa forma, que haja sobreposição de métodos.