A próxima safra de milho da Fazenda Experimental da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Céu Azul, terá um diferencial: também serão colhidos dados referentes a um ciclo de produção totalmente monitorado, do plantio à colheita, pela estação-teste do projeto “Smart Farm”, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O projeto, traduzido do inglês como “fazenda inteligente”, é viabilizado pelo Centro Latino-Americano de Tecnologias Abertas (Celtab), em parceria com a Itaipu Binacional e a Unioeste.
Uma equipe composta por dois engenheiros do Celtab, Rolf Massao e José Aberto, e o professor de Ciência da Computação e doutorando em Engenharia Agrícola da Unioeste, Antônio Marcos M. Hashisuca, foi a campo no final de junho para concluir a instalação da unidade, que faz a coleta dos dados da propriedade de 17 hectares.
A estação-teste reúne dados referentes à cultura do milho, conforme explica o professor Hashisuca, cuja tese de doutorado sobre o microclima em propriedades rurais também serviu de base para o projeto. “A cultura do milho é baseada em uma questão térmica, ou seja, a mudança do estado filológico do grão está diretamente relacionada ao aumento da temperatura até a data da sua colheita. Embora estime-se que o processo de plantio à colheita do milho dure cerca de 140 dias, o tempo pode variar devido à influência da temperatura”, pontua o professor.
A partir dos dados fornecidos pela estação, segundo Hashisuca, será possível monitorar a variação da temperatura diariamente e, com isso, estimar a data precisa da colheita. “O sistema poderá gerar o número de dias acumulados de produção, não apenas uma contagem cronológica do processo. Também será possível verificar a influência de outros fatores, como a possível ausência de água durante o plantio e a variação de temperatura nos declives existentes na propriedade, para melhor avaliar a produtividade da colheita”, destaca.
O protótipo foi o primeiro das 12 estações de monitoramento climático que permitirão o aprimoramento das atividades agrícolas na propriedade. A instalação da próxima unidade está prevista para o início de agosto.
Dados climáticos
A iniciativa foi originada pela demanda da Itaipu de automatização do Sistema de Monitoramento de Estações Climáticas (Smec) da usina. Devido ao potencial da análise de dados climáticos não somente da região da Bacia do Paraná 3, mas de toda a região Oeste, os analistas do Celtab aplicaram os conceitos trabalhados no Laboratório de Internet das Coisas (IoT) para criar estações meteorológicas de baixo custo. Essas estações são capazes de coletar dados suficientes para estabelecer uma rede de compartilhamento em benefício não somente do sistema da Itaipu, mas de todos os produtores da região.
Para o gerente do Celtab, Miguel Diogenes Matrakas, é importante que os agricultores conheçam como as variáveis climáticas se comportam em suas propriedades, pois assim poderão tomar melhores decisões relacionadas ao plantio, como a aplicação de defensivos agrícolas. Enquanto para a Itaipu, de acordo com o gerente, esse conjunto de informações é relevante para os técnicos de operação e manutenção, principalmente aquelas relacionadas à influência do clima na água do reservatório. “Quanto mais dados, e quanto maior a qualidade desses dados, melhor se pode trabalhar com questões como, por exemplo, a previsibilidade de geração de energia, quantidade de estoque de energia no lago, entre outras”, enfatiza Matrakas.
O primeiro teste em campo foi possibilitado pelas três estações previamente instaladas nas imediações do PTI. Toda a rede de estações meteorológicas da Itaipu está prevista para passar pela modernização, envolvendo a instalação de outras 54 unidades em toda a região Oeste, até o início de 2019.
Assessoria PTI