Morreu nesta segunda-feira, 30, Pedro Grad Roth, pioneiro em Foz do Iguaçu. O empresário, que chegou em Foz do Iguaçu na década de 60, foi um dos fundadores do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, em 1974. Na época ele presidia a Associação de Hotéis e Similares em Foz, e trabalhou para a transformação em sindicato, que ocorreu em dezembro de 1974.
O velório acontece nesta segunda, a partir das 18 horas, na Loja Maçônica União das 3 Fronteiras (Rua Jerusalém, esquina com Lisboa, atrás do Centro de Distribuição da Panorama). O enterro acontece amanhã terça-feira, 1, em horário a ser definido.
O SINDHOTÉIS emitiu uma nota de pesar, confira:
É com extremo pesar que o Sindhotéis (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares) de Foz do Iguaçu e Região comunica o falecimento de Pedro Grad Roth, nesta segunda-feira, 30, em Foz do Iguaçu. Em nome da diretoria do Sindhotéis, deixamos condolências aos seus familiares.
A história do Sindhotéis está diretamente ligada a trajetória de Pedro Roth. Em 23 de setembro de 1974, os empresários da hotelaria e gastronomia iguaçuense elegeram os responsáveis por fazer a transformação da Associação de Hotéis e Similares de Foz do Iguaçu, em sindicato. Coube ao empresário a honra de escrever seu nome na história.
Já como presidente da associação, Pedro Grad Roth convocou, em 2 novembro de 1974, assembleia geral extraordinária para o dia 2 de dezembro, na sede social da entidade, localizada na Avenida Brasil, 1.205. Na ordem do dia: aprovação dos estatutos de reconhecimento como Sindicato de Hotéis e Similares de Foz do Iguaçu, de acordo com o artigo 518 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Realizada a assembleia e aprovada a criação do sindicato, teve início a jornada para conquistar a carta sindical. Após muita luta, finalmente veio a conquista histórica: a criação do sindicato por parte do governo federal. Em 19 de maio de 1975, o ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, assinou a carta sindical. A data acabou adotada como o dia oficial de fundação do Sindhotéis.
BIOGRAFIA
Pedro Roth nasceu em Guarapuava no dia 4 de maio de 1943, mas foi registrado em Laranjeiras do Sul no dia 28 de abril do ano seguinte. Dadas as dificuldades da vida no interior do Paraná, inclusive para os estudos, aos 12 anos o menino despertou seu tino para o comércio com a venda de galinhas, ovos e frutas nas serrarias da cidade.
Três anos depois, foi trabalhar como cobrador de ônibus na linha Laranjeiras do Sul-Guarapuava. Mais tarde passou a ser motorista na linha Guarapuava-Foz do Iguaçu. Numa dessas viagens, um colega perguntou se ele tinha planos de mudar de ramo. Pedro revelou que gostaria de comprar um terreno e construir um hotel na fronteira. Esse amigo se dispôs a conseguir as madeiras para viabilizar a obra. Roth topou e, após a aprovação do projeto, fixou-se em Foz para iniciar a construção do hotel.
O Brás Hotel foi inaugurado no início dos anos 1960 e se localizava na Rua Marechal Deodoro. O estabelecimento foi bem aceito e lotava. A maior parte dos hóspedes era paraguaia, os quais viajavam para São Paulo fazer compras e paravam no estabelecimento. Anos depois, Pedro adquiriu dois terrenos nas proximidades do batalhão do Exército, onde seria construída a rodoviária. Em 1967, abriu o Luz Hotel no local. Algum tempo mais tarde, vendeu o Brás Hotel, ficando apenas com o novo empreendimento. Em 1979, o empresário resolveu ampliar os negócios e inaugurou o Sun Hotel, localizado na Avenida JK, aproveitando o período de obras da Itaipu.
Tempos depois, com a construção da nova rodoviária, decidiu transferir o Luz para a frente do terminal. Adquiriu uma área de cinco mil metros quadrados e colocou a mão na massa, literalmente, juntamente com os pedreiros. “Euvirava concreto. Teve um dia que bati 90 sacos de concreto. Se você tiver trabalhando junto, o pessoal se anima. Não tinha tempo ruim, era chuva, sol…”
Inicialmente prevista para quatro anos, a obra durou mais tempo porque Roth foi, assim como milhões de brasileiros, pego de surpresa no governo Collor. Levou um baque, teve perdas financeiras, contudo não desistiu e seguiu adiante. Aos poucos, os negócios foram retomando o prumo, até a inauguração em 1993.
O empresário era casado com Silmara Terezinha Tondo Roth, que conheceu ainda menina na época em que trabalhou na empresa de ônibus em Guarapuava. Em 1970, o destino os colocou frente a frente mais uma vez. Pedro já estava radicado em Foz, porém ia para Cascavel assistir aos jogos da Copa do Mundo num restaurante que, por coincidência, pertencia ao pai dela. A reaproximação despertou os sentimentos, resultando no casamento e nos três filhos: Denise, Maurício (falecido) e Fernando.
Nessa época, ele estava concluindo o curso de Contabilidade e já havia assumido a Associação de Hotéis e Similares de Foz do Iguaçu. Os planos eram transformar a entidade em sindicato. Superadas algumas dificuldades, conseguiu efetivar a criação do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu em 1975.
Como presidente, Pedro Roth contava com a colaboração de Paulo Garcia e Douglas Andrade Gomes Araújo, dentre outros empresários. O trabalho da nova instituição priorizava cursos para ajudar no desenvolvimento da hotelaria na cidade. Por meio de convênios com algumas entidades, foram capacitados 480 funcionários dos estabelecimentos locais.
Pedro gostava de lembrar que o sindicato atuava também com bandeiras essenciais para Foz. Um dos pontos era a estruturação do trânsito de veículos. Numa reunião com vereadores e outras lideranças, o presidente do Sindhotéis sugeriu batizar a então Rua Raul de Matos, que seria ampliada e alargada, como Avenida Juscelino Kubitschek, tendo o apoio do presidente da Associação Comercial e do presidente da Câmara Municipal. Assim nasceria uma das avenidas mais importantes da cidade.
Outra bandeira foi a construção de um amplo Centro de Convenções em Foz do Iguaçu, visto que os hotéis na época, apesar de bem estruturados para hospedagem, tinham espaços limitados para sediar eventos. “Conversamos com o Fouad Mohamad Fakih, da ACIFI, fizemos uma reunião no Hotel Salvatti e levantamos a bandeira do Centro de Convenções. A proposta era um espaço para cinco mil pessoas. Com isso, iria agregar valor ao destino com a realização de grandes eventos”, recorda.
Durante sua gestão, o Sindhotéis também contribuiu no debate para definir a localização da Ponte Tancredo Neves (Brasil e Argentina). O projeto inicial previa a aduana muito próxima da cabeceira da pista. Em conjunto com outras entidades e lideranças da cidade, o sindicato solicitou o afastamento da alfândega para dar mais folga ao trânsito de veículos e pedestres. O pedido foi acatado pelos governos, e hoje essa distância permite um fluxo no tráfego.
Sempre otimista, o empresário acreditava fortemente em Foz do Iguaçu. Segundo ele, com inteligência e uma boa estratégia o profissional vai longe, porque a cidade está bem estruturada e tem turismo de alto nível.
Fonte: Sindhotéis