Fonte: JIE
Agenda apertada, telefone que não para de tocar, pilhas de documentos para despachar e fila para conseguir alguns minutos da atenção do diretor-geral brasileiro, Luiz Fernando Leone Vianna. Passados os primeiros dias do ano, a rotina no gabinete do diretor-geral brasileiro de Itaipu, no Centro Executivo ou no Parigot de Souza, já voltou à intensidade normal.
Nessa quinta-feira (18), entre um compromisso e outro, ele atendeu ao pedido da reportagem do Jornal de Itaipu Eletrônico (JIE) para, em uma rápida conversa, fazer um balanço dos primeiros dez meses à frente da Diretoria Geral Brasileira e projetar os principais desafios da sua gestão para 2018. Pego de surpresa, aceitou e falou de improviso. Confira.
JIE: O senhor está há dez meses no cargo. Nesse período, quais conquistas considera as mais relevantes?
Luiz Fernando Leone Vianna: Foram dez meses de aprendizado. Achava que tinha grande experiência em termos de geração de energia elétrica, um grande conhecimento, mas realmente Itaipu é uma empresa diferenciada. Ela é muito mais do que uma geradora de energia elétrica. Tivemos muitos avanços nesses dez meses. Muitas definições importantes. Gostaria de citar, até pela importância, a questão da gestão de pessoas, em que tivemos um grande progresso. Os empregados devem ter sentido isso ao longo do ano passado.
Instituímos o Bate-Papo com Vianna, uma linha direta com o diretor, em que as pessoas apresentam sugestões. Entre elas, algumas que já se tornaram realidade na empresa. Cito, por exemplo, as melhorias no Programa de Mobilidade Funcional Interna, de acordo com o anseio de muitos empregados que têm a vontade de mudar de área. Era algo que estava reprimido, contido. Agora, uma realidade.
Citaria também o relacionamento com os municípios do Oeste do Paraná. No [Programa] Oeste em Desenvolvimento, acho que nós avançamos bastante e hoje, nesse curto espaço de tempo, pudemos sentir uma reciprocidade, uma aceitação da atuação de Itaipu. Notamos uma preocupação quando houve a mudança de diretoria, o que é normal, mas hoje já há um entendimento de que questões importantes, como dos royalties e dos investimentos que a Itaipu faz na região, vão continuar e, se possível, melhorar ainda mais.
É o que está acontecendo. Conseguimos criar uma peça orçamentária para 2018 com um avanço muito grande nos nossos investimentos no Oeste do Paraná. Aumentamos o número dos municípios atendidos de 29 para 54. Nosso orçamento para este ano não é uma peça de ficção. Será devidamente gerido e executado pelas respectivas áreas responsáveis pelos recursos alocados.
Progredimos bastante também com a realização de dois workshops sobre a atualização tecnológica da usina, o que vai fazer com que a gente já possa emitir requisições e fazer licitações para dar início a esse processo. Para isso, foi necessário um esforço orçamentário. E, junto a isso também, convém ressaltar o update que já autorizamos do sistema Scada [sistema digital utilizado na supervisão e controle da usina] e, ainda, também já autorizada, uma grande manutenção nas pontes e pórticos, necessária para esse processo de atualização tecnológica.
A inserção de Itaipu no cenário energético nacional também merece destaque. Hoje, a Itaipu é um importante player do setor elétrico, participando de diversos fóruns, especialmente na área técnica, sendo uma voz respeitada e chamada para participar de importantes decisões.
Eu poderia me estender, mas acho que esses seriam os pontos principais.
O que mudou na forma como o senhor enxergava a Itaipu há dez meses e a forma como a vê hoje, já com essa experiência?
Há dez meses eu enxergava Itaipu com uma grande geradora de energia elétrica, como realmente é. Mas hoje, além de ser uma grande geradora de energia elétrica, a que mais produz no mundo, Itaipu tem outras questões muitos importantes que você precisa entender para poder bem gerir a empresa.
Uma delas é a binacionalidade. Se você não entender bem como funciona e como atuar com relação à binacionalidade, vai se frustrar.
Outra é a atuação da Itaipu fora dos limites da usina, fora do Edifício da Produção, na região Oeste do Paraná, que tem uma conexão muito grande com a usina. São atuações, em sua maioria, visando à preservação da qualidade da água e também para evitar o assoreamento do nosso reservatório.
Outra peculiaridade que se enxerga melhor de dentro é a atuação da Itaipu para ajudar a impulsionar o desenvolvimento e a inovação tecnológica, que está na sua missão. Entre os meios para isso estão a nossa área de mobilidade elétrica, que teve um novo centro inaugurado por nós nesta semana, e também o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por exemplo. São dois postos avançados de alta tecnologia, que contribuem não só para a Itaipu, mas para o País também.
A experiência do Bate-Papo com Vianna na Itaipu é similar à da Copel?
Bastante similar e isso foi algo positivo. Esse foi um ponto em que eu não tive surpresa, a reação das pessoas. Pessoas são pessoas, independentemente da empresa. Elas se sentiram à vontade e puderam falar sobre os seus anseios. Essa oportunidade de contato com o diretor-geral ou, como era na Copel, com o diretor-presidente, é boa para todas as partes. É importante que esse programa tenha começo e meio, mas não tenha fim. Que seja contínuo e dê retorno. O que eu quero dizer é o seguinte: as pessoas têm que sentir que as suas ponderações têm respostas, nem que seja um não. E se for um não, tem que ser um não bem justificado: por que não?
Mas o importante é que a empresa cresça com isso e que os empregados da Itaipu sintam que fazem parte de uma organização que reconhece o trabalho, desde o “chão de fábrica” até o diretor. Que fique clara a importância do conjunto para o sucesso da Itaipu, refletido em seus seguidos recordes de geração de energia e também de outras formas, como nos prêmios da Organização das Nações Unidas para o Cultivando Água Boa. Todos aqui têm participação nisso.
A Itaipu começou 2018 da forma como terminou 2017: produzindo muita energia. O senhor acredita que são grandes as chances de mais uma vez ultrapassar a faixa dos 100 milhões de MWh anuais?
É uma meta que a gente tem. Bastante ambiciosa, é verdade, que depende de vários fatores. A começar da própria Itaipu, no melhor aproveitamento possível da água que chega à usina e na disponibilidade das unidades geradoras, o que a gente faz com maestria. Mas também dependemos da demanda de consumo, da afluência da água e do sistema de transmissão.
Agora, os primeiros 15 dias de 2018 nos animam bastante. Tivemos a melhor quinzena de janeiro da história de Itaipu. Se conseguirmos manter esse ritmo e a favorabilidade dos fatores, com certeza vamos conseguir ultrapassar os 100 milhões de MWh.
Quais os principais desafios para este ano?
Um deles é conseguir realizar da melhor forma possível os orçamentos, como, por exemplo, o da Diretoria de Coordenação, que foi basicamente triplicado e sem qualquer aumento da tarifa. Não adianta ter orçamento e, depois, não utilizar bem esse recurso. Estamos nos preparando para isso. É um ano com algumas dificuldades, algumas restrições, porque é um ano eleitoral, mas estamos nos preparando.
Outro desafio é continuar avançando no processo de atualização tecnológica da usina, conseguindo realizar as licitações. Também está na agenda o alinhamento entre as diretorias Técnica e de Coordenação sobre os limites da cota de operação da usina durante as obras de melhorias do Canal da Piracema.
Manter a geração nos níveis que temos mantido a partir de 2012 e 2013, basicamente, é também algo vamos buscar este ano. É um desafio especial para um ano em devemos iniciar o processo de atualização tecnológica.
E continuar progredindo na área de gestão de pessoas. Já temos todo o programa anual do Bate-Papo com Vianna definido e já a partir de fevereiro vamos retomar os encontros. O processo de mudança da cultura organizacional por meio do aprofundamento da integração interna e da discussão de medidas que levem a entidade a um novo patamar corporativo, feito em parceria a Amana-Key, também vai continuar.
Queremos fazer com que a Itaipu figure entre as empresas onde os empregados realmente se sintam bem e que eles acreditem que estão em uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil.