Gestores da iniciativa pública e privada, diretores de empresas, ONGs e empreendedores sociais participaram entre os dias 18 e 20 de outubro do cursoSociocracia 3.0, promovido pela Adere (Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia) em parceria com a Itaipu Binacional. O workshop foi ministrado no Clube Amambay, em Foz do Iguaçu.
Foram três dias de intenso aprendizado sobre a Sociocracia, um conjunto de princípios, processos e práticas que contribuem para uma gestão coletiva e eficaz. Através das oficinas, os participantes foram orientados a desenhar melhor a organização, aprimorar as tomadas de decisões e aumentar a capacidade de respostas aos constantes desafios do mercado.
Entre os participantes estava o chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Baptiston. Entusiasmado com o conteúdo, Baptiston diz ser possível aplicar os conceitos da sociocracia em todos os segmentos de grupo, como as instituições, nas famílias, entre amigos, ONGs ou associações. “Nós, enquanto gestores públicos, vivemos em uma estrutura quase autocrática, encaixotada, dura e tensa. E quando a gente viaja e se aprofunda na sociocracia é possível ver o quanto dinamismo você pode empreender dentro de uma instituição”, avalia.
Depois das práticas vivenciadas ao longo do treinamento, Ivan defende que com a sociocracia é possível ousar e aplicar uma série de ferramentas, encontrando soluções com consentimento de todos e que atendam, de modo geral, o interesse do coletivo das organizações.
A designer de moda, ativista social e entusiasta do trabalho colaborativo, Carla Torres, de Curitiba, viajou exclusivamente para participar do treinamento. “Tenho um grupo de coworking e já trabalhamos com o pensamento da ação compartilhada, mas não tínhamos a metodologia específica, porque tudo o que temos são modelos hierárquicos. A sociocracia nos apresenta ferramentas importantes para aplicar em nossos grupos”, comentou.
A gestora pública de Foz do Iguaçu, Aline Albuquerque, acredita que é possível adaptar ferramentas inovadoras, inclusive em organizações com sistema hierárquico rígido. “É uma mudança de mentalidade que te convida a começar a pensar e a rever a estrutura organizacional. É um despertar para começar a repensar modelos de tomada de decisão, por exemplo. Neste processo participativo conseguimos ouvir e envolver as pessoas de modo muito interessante”, explica.
Promoção
Taiuska Lima, organizadora do evento, explica que a ideia de promover o curso foi para que todas as organizações tenham ações mais eficazes a partir do envolvimento dos integrantes. “Para que as vozes sejam ouvidas de forma mais harmônica, sem imposições ou autoritarismo. Para que os membros “apareçam” e ajudem no crescimento da organização”.
As consultoras Ruth Cristina de Andrade e Tânia Cristina Sterio, que ministraram o curso e compartilharam experiências a respeito da aplicação e resultados da sociocracia explicam que é preciso buscar a mudança do paradigma reducionista e cartesiano das organizações, onde apenas são enxergadas as partes e não grupo como um todo. “É preciso começar a enxergar a interconexão entre todas as coisas e pessoas”, afirma Ruth.
De acordo com a facilitadora, a sociocracia opera dentro do paradigma de que tudo é conectado, mas que é necessário trabalhar a mudança interna para ser possível trabalhar em um coletivo, não só com pessoas, mas também em meio aos animais, com a natureza e com outras partes deste sistema no qual a sociedade faz parte.
Mudança de paradigmas
A Sociocracia, que significa “governança por pares ou colegas”, é um sistema de tomada de decisão, governança e desenho organizacional que vem se tornando cada vez mais popular. É baseada em princípios-chave como transparência, equivalência e eficácia. Ela transforma culturalmente e estruturalmente as organizações, fazendo com que a inteligência coletiva possa guiar a evolução da
organização, engajando colaboradores e equipes e criando resultados surpreendentes.
Assessoria