A Emater e a Itaipu Binacional, com o apoio de prefeituras dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, promovem nesta quarta e quinta-feira, o seminário sobre cultivo de peixes em tanques-rede. A ação ocorrerá primeiro em Santa Helena e depois em Foz do Iguaçu e deve reunir cerca de 120 pescadores artesanais e agricultores familiares de toda a região.
O coordenador estadual do projeto Aqüicultura e Pesca da Emater, Luiz Danilo Muehlmann, conta que desde abril de 2015 o Ministério da Pesca e Aqüicultura, Ibama, Itaipu e IAP liberaram o cultivo de tilápias nos braços de rios e córregos que abastecem o Lago de Itaipu. Por isso, o objetivo dos dois seminários é mostrar de que forma os pescadores artesanais, principalmente, e também pequenos produtores rurais podem aproveitar essa licença para desenvolver uma nova atividade geradora de renda para suas famílias.
“A pesca extrativista desenvolvida por muitas famílias da região é um negócio bastante aventureiro, que depende muito das condições do tempo, do Lago e, basicamente, dos estoques naturais de peixes que hoje estão no limite. A criação de tilápias em tanques-rede permite a esse pescador realizar uma atividade mais planejada, com estrutura definida em função da sua expectativa de renda, tudo de forma controlada sem depender das condições naturais do lago”.
EXEMPLO – Gelson Hein, coordenador regional da Emater de Toledo, completa que, com os dois encontros, os organizadores querem chamar a atenção para uma oportunidade viável de negócio que está aí e que o pescador pode aproveitar para tornar a vida de sua família economicamente mais estável. “Vamos fazer isso mostrando dados de outras experiências empreendidas por pequenos produtores rurais atendidos pela Emater e que estão dando certo”.
O caso citado por Hein envolve pescadores artesanais da região do vale do Rio Paranapanema, Norte Pioneiro do Estado, onde o cultivo de tilápias em tanques-rede nas águas de represas daquele Rio já foi liberado há mais tempo. Em municípios como Carlópolis, por exemplo, a Emater capacitou dezenas de famílias para a condução profissional das criações, orientou na busca de crédito e prestou assessoria para que se organizassem em torno de condomínios. O modelo, além de facilitar a condução dos viveiros, permite que os pescadores façam a compra conjunta dos insumos e dos alevinos para povoamento dos tanques gastando menos, além de destinar toda a produção para o mercado de forma segura e vantajosa.
“No polo de produção de tilápias do Norte do Estado saem para o mercado, todo ano, cerca de 12,5 mil toneladas de tilápias, pelo menos 8 mil toneladas são de cultivos em tanques-rede. Realidade bem diferente do polo de criação do Oeste, o mais importante, onde são produzidos anualmente 66,7 mil toneladas de peixes, 97% deles tilápias cultivadas em viveiros escavados em terra”, detalha Muehlmann. O Estado produz por ano cerca de 106 mil toneladas de pescados. Deste total, 93,3 mil são de cultivo e 12,7 mil toneladas de captura.
A Emater estima que, conduzida com dedicação e profissionalismo, a criação de tilápias em tanques-rede pode dar ao produtor uma rentabilidade de 25% sobre o capital investido. “Em trinta tanques-rede com capacidade de 6 metros cúbicos cada, o produtor pode garantir uma renda média mensal de 1,5 salários-mínimos mais o 13° salário. A produção chega a 27 mil quilos de tilápias no ano. Para fazer o investimento, nossos técnicos podem orientar o pescador ou pequeno produtor, devidamente legalizados, para o acesso a crédito do Pronaf que tem juros baixos e prazo para pagamento compatível com a realidade desse novo piscicultor”,finaliza Muehlmann.
AEN