O suíno do futuro vai ser criado em granjas que lhe oferecem conforto e bem-estar, com menos antibióticos, ocupando menos mão de obra e sua carcaça deverá ser projetada geneticamente para atender às preferências específicas de cada mercado consumidor.
A definição é do diretor da Topigs Norsvin para as Américas, o holandês Peter van Kemenade, em palestra proferida durante a segunda edição do Brasil Pork Event, no Infinity Blue Resort, em Balneário Camboriú. O evento promovido pela empresa holando-norueguesa com com o apoio de players de ponta da cadeia, como Tectron, Alltech, De Heus, Ibersan, Minitube e MSD, reuniu mais de 200 pesquisadores, técnicos e líderes da suinocultura brasileira.
Cenário em transformação
Segundo Peter van Kemenade, entre as tendências de mercado que impactam a atividade, destacam-se a preocupação econômica com o custo da alimentação e mão de obra profissional, a necessidade cada vez maior de aperfeiçoamento gerencial, associação e integração nos diferentes níveis e a importância crescente de se oferecer conforto e bem-estar ao animal, além da busca de carcaças que rendam cortes e carne de melhor sabor e qualidade.
A esses fatores, soma-se a crescente demanda global por carne suína, que deve crescer em 45% até o ano 2035. Mas, especialmente para a suinocultura brasileira, segundo ele, surge um grande ponto de interrogação em relação à Rússia, nosso maior consumidor atualmente, que caminha para a autossuficiência na produção desta carne. Com isso, o suíno brasileiro perderá seu maior mercado externo. Esta lacuna poderá ser preenchida pela ampliação do consumo interno e pelos mercados asiáticos, argentinos e chilenos, porém, esses consumidores são mais exigentes em qualidade.
Genômica e suíno virtual
Reconhecida pelo mercado como a mais inovadora empresa de genética suína do mundo, a Topigs Norsvin investe anualmente 19 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento e procura antecipar-se a essas tendências. Ela foi a primeira no mundo a utilizar a tomografia computadorizada (TC) em larga escala no sistema de melhoramento da composição de carcaça (percentagem e rendimento de carne magra). Por meio dessa técnica não invasiva, dimensiona densidade (gordura, carne magra, osso), anatomia (fígado, pulmões, músculos) ou diferentes cortes de carne (barriga, lombo, pernil, paleta etc.), formando um atlas que permite desenvolver ainda mais o uso da base de dados de imagens e sua aplicação em fenótipos.
A empresa atualmente genotipa ao redor de 40 mil animais, com 60 mil marcadores genéticos cada um. Mais de 10 milhões de euros estão sendo investidos este ano, na construção da unidade Delta II, no Canadá. Trata-se de uma granja isolada com instalações para 7.500 machos Topigs Norsvin por ano, selecionados entre 30.000 candidatos de todo o mundo.
Preferências do consumidor variam
O emprego de tomografia computadorizada (TC), genômica e outras tecnologias de ponta permitem, segundo Peter van Kemenade, o desenvolvimento de animais com características adequadas à preferencia dos diferentes mercados.
Ele lembra que nos Estados Unidos, por exemplo, a barriga (bacon) é o corte mais valorizado pelo mercado, seguido da costela. O valor do lombo tem diminuído de 15% a 27%, enquanto os preços da barriga aumentaram este ano entre 5% e 15%. “A integração entre os diferentes segmentos da cadeia suinícola brasileira permitirá acentuarmos as características desejáveis a cada mercado”, disse.
Agregar valor ao bolso do criador
Segundo Peter van Kemenade, todos os investimentos realizados pela empresa visam dobrar o progresso genético anual, o que também pode ser quantificado em receita agregada ao suinocultor. De acordo com estatísticas apresentadas, os avanços genéticos oferecidos pela Topigs Norsvin representaram um ganho adicional de R$ 6,45 por animal em 2015. A meta da empresa.
Assessoria