O Parque das Aves, que há 22 anos trabalha com conservação de espécies, além de ser o segundo atrativo turístico mais visitado de Foz do Iguaçu, acaba de se tornar um Centro de Conservação Integrada de Aves da Mata Atlântica. Com a mudança, ele visa focar seus esforços e recursos para salvar espécies ameaçadas de extinção que vivem no segundo bioma mais biodiverso do planeta. O anúncio e o lançamento do livreto que fala da sua atuação em conservação foram feitos durante o PAN de Aves da Mata Atlântica, que está acontecendo no Parque entre 26 e 28 de setembro, e reúne especialistas em Mata Atlântica de todo o Brasil.
Um dos fatores determinantes na decisão de se tornar um Centro de Conservação Integrada de Aves da Mata Atlântica foi a notícia do desaparecimento da pombinha pararu-espelho (Claravis geoffroyi), espécie endêmica de Mata Atlântica que pode ter se tornado extinta nos últimos anos. Levando isso em consideração e avaliando a situação da Mata Atlântica, que teve 93% de sua área original desmatada, o Parque das Aves decidiu focar seu trabalho nas aves desse bioma, principalmente nas 107 espécies ameaçadas de extinção. “Estamos nos posicionando para ser uma rede de segurança para espécies ameaçadas de Mata Atlântica. Vamos prestar atenção especial em espécies sem amparo, principalmente as que estão muito próximas da extinção, que não têm muitos amigos. Criamos a Divisão de Conservação, chefiada por Yara Barros, pois o desafio não é nada simples”, comenta Carmel Croukamp, CEO do Parque das Aves.
E com o foco na Mata Atlântica veio a oportunidade de sediar a reunião para decidir como proteger as 107 aves listadas como em perigo de extinção. Assim, a reunião para o Plano de Ação Nacional (PAN) de Aves da Mata Atlântica está ocorrendo nesta semana, de 26 a 28 de setembro, no Parque das Aves. A reunião conta com especialistas em Mata Atlântica de todo o Brasil, incluindo pesquisadores, ONGs, governo, Polícia Federal e órgãos estaduais de meio ambiente.
“Os planos de ação nacional de conservação de espécies desenvolvidos pelo ICMBio são ferramentas bastante importantes que reúnem especialistas para definir ações prioritárias e analisar as necessidades na conservação dentro dessas temáticas. O ICMBio e, em particular, o CEMAVE, estão de parabéns, pois há trabalho minucioso por trás desse PAN, que abrange mais de 100 espécies. Saímos da reunião como articuladores de ações importantes, como a avaliação da necessidade do estabelecimento de programas de reprodução ex situ de espécies ameaçadas de Mata Atlântica e modelagem de distribuição das espécies para ajudar a identificar áreas adequadas para revigoramento populacional ou reintrodução, entre outros. São tarefas gigantescas que vão definir, na verdade, a razão da nossa existência como Centro de Conservação Integrada de Aves da Mata Atlântica. Na tarefa de analisar as necessidades de conservação ex situ de todas as 107 espécies estão oportunidades que significam a vida ou a morte de várias espécies”, comenta Carmel.
Durante o primeiro dia de reunião, o livreto “Parque das Aves – Atuação em Conservação”, que fala sobre o trabalho de conservação que o Parque das Aves vem realizando nestes anos, foi lançado. Ele vai ser uma ferramenta muito importante nessa nova fase do Parque. “Há muitos anos queremos colocar no papel tudo que fazemos aqui no Parque. Somos conhecidos como um dos atrativos mais visitados de Foz, mas queremos também mostrar de forma mais clara para o público nossos esforços de conservação e nosso envolvimento com projetos que trabalham para salvar espécies ameaçadas. Com este livreto podemos comunicar de maneira mais fácil e efetiva o que fazemos”, comenta Yara Barros, chefe da Divisão de Conservação do Parque das Aves.
A mudança foi planejada durante 2017 e os resultados já estão aparecendo. Em julho de 2017, 70% das aves a que os visitantes tinham acesso no Parque das Aves eram de Mata Atlântica. Hoje, esse número já é de 85%. E ele vai subir. “Nossa meta é chegar a 95% de aves da Mata Atlântica no Parque. Tucanos e araras, embaixadores mais carismáticos, ainda farão parte do passeio, e muitos outros se juntarão a eles. Estamos construindo aventuras incríveis, inclusive mais viveiros que serão os maiores do mundo em sua classe e permitirão interações inéditas com aves de Mata Atlântica”, comenta Carmel.
Com o foco em Mata Atlântica, muitas aves a que os visitantes podiam ter acesso agora estão sendo transferidas para a segunda propriedade do Parque das Aves, uma área de 14 hectares fora da visitação pública. Esta propriedade também é sede do Centro de Conservação e Abrigo do Parque, e já conta com 60 viveiros, muitos deles abrigando aves em risco de extinção ou já extintas na natureza, como a arara-azul-de-lear e o mutum-de-alagoas.
Assessoria