Diretora de “Fantasia Caribena”, Johanne Gómez estreia o filme no Brasil e abre o festival que tem início amanhã (14) e segue até o dia 22 de setembro; Programação que conta com mais de 70 filmes é gratuita ao público.
Programação:
Depois do Cine Bairro que difundiu a sétima arte em vários bairros de Foz, acontece amanhã, 14, às 20h30, no Cine Cataratas, a abertura oficial do I Festival de Cinema Latino-Americano. Para marcar o início do evento, que seguirá até o dia 22 de setembro, o festival exibirá o filme “Fantasia Caribena”, da diretora dominicana, Johanne Gómez. A jovem cineasta que viajou mais de 4 mil km para estreiar seu primeiro longa no Brasil, acaba de chegar da Republica Dominicana, país recém-devastado pelo Furacão Irma.
Em “Fantasia Caribena”, Johanna, conta a história de Ruddy, que transporta passageiros a remo sobre o contaminado Rio Ozama. Uma vez por semana, recebe a visita de sua amante, Morena. Ela é uma fanática religiosa. Por onze anos, eles mantiveram seu amor em segredo. No filme, a cineasta, uma mulher jovem e negra, imprime seu olhar acerca da realidade a que pertence. Através de um romance que se ambienta em um dos maiores e mais emblemáticos rios da República Dominicana, ela revela a identidade e as marcas históricas daquele país.
O filme de Gómez, um dos longas convidados para o evento, representa a proposta do festival de incentivar e dar visibilidade à produção cinematográfica independente produzida na América Latina. Com o lema “Novos olhares a partir de novos realizadores”, a primeira edição do festival que tem como realizadores a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, Fundação Cultural e Produtora 3 Margens, já é uma referência na cena da sétima arte latino americana: tanto pelos números de inscritos envolvidos quanto pela extensão do festival, que acontecerá simultaneamente nos três países conectados pelos Rios Paraná e Iguaçu.
Dos quase 600 filmes de mais de doze países inscritos, setenta foram selecionados e integram a programação que transformará a região trinacional em uma verdadeira capital do cinema. Eles se dividem entre mostras competitivas, paralelas e convidadas. Em Foz do Iguaçu, as apresentações acontecem no Cine Cataratas, em Puerto Iguazu, no Cine. Ar Iguazu e em Hernandarias, no Centro de Recepção da Itaipu Binacional.
Mostras
Assim como “Fantasia Caribena”, o festival exibirá mais onze filmes de diretores que participam como convidados do Festival. Alice Riff, diretora de “Meu corpo é político”, um dos curtas mais prestigiados e premiados em festivais brasileiros, também estará presente com sua obra, que fechará o festival. Nas competitivas, que se dividem entre categoria regional e latino-americana, a novidade é a presença do curta “Pé de Moleque”, produzido por um iguaçuense.
Além das mostras, o Festival também realiza oficinas com profissionais de renome da área, laboratório de projetos e seminários. As atividades formativas serão realizadas na Fundação Cultural e na Feira Internacional do Livro, que está acontecendo no Complexo Bordin.
Visibilidade feminina
A grandiosidade do festival também simboliza uma importante janela para a visibilidade feminina no universo cinematográfico que foi historicamente produzido e dominado por homens. Além da apresentação de mostras paralelas com a temática de gênero, tanto a abertura quanto o fechamento do evento selecionaram obras produzidas por mulheres.
Pertencem a elas, 50% das obras que serão exibidas no festival, número que surpreende a estatística da maioria dos eventos do gênero. É o que comenta um dos organizadores e curadores do festival, Felipe Lovo. “Procuramos longas de outros festivais internacionais e era muito difícil encontrar paridade de gênero, nos mais tradicionais, por exemplo, dentre 10 filmes selecionados, um era dirigido por mulher”.
Segundo ele, romper essa cultura é fundamental e o cinema é um importante espaço para o novo olhar sobre a sociedade. “Historicamente o cinema foi feito por homens e para homens, com todo processo conduzido por eles, a mulher sempre figurou como objeto, obviamente quando a mulher dirige um filme, ela traz seu olhar sobre o mundo, ter protagonismo, pode contar a história conforme a perspectiva do gênero e visão de mundo”.