No próximo dia 1º de setembro Foz do Iguaçu sediará o evento “Sentinelas Animais em Saúde Única – papel do médico veterinário”, uma parceria do Conselho Regional de Medicina Veterinária com o Instituto de Ensino e Pesquisa da Fundação de Saúde Itaiguapy, que administra o Hospital Ministro Costa Cavalcanti.
Serão ministradas nove palestras, abordando desde a análise espacial de animais sentinelas até as ferramentas moleculares necessárias para detecção e diagnóstico; também será debatida a vigilância em arboviroses e os diversos animais sentinelas (animais domésticos, selvagens, mosquitos, carrapatos e pulgas).
Conceito de Saúde Única:
Laboratório de Saúde Única, Diagnóstico e Pesquisa em Biologia Molecular do Centro de Medicina Tropical da Tríplice Fronteira foi inaugurado em janeiro deste ano e é o primeiro no Brasil a incorporar o conceito de saúde única. Inovador, o conceito trata de pesquisas genéticas em animais e seres humanos ao mesmo tempo, “o objetivo é monitorar uma doença nos três níveis diferenciados de atuação: meio ambiente, animais e seres humanos, pois podemos ter uma doença extinta no ser humano, mas que pode estar em um animal, como se fosse um ‘reservatório’, esse animal é considerado um sentinela, e uma vez feita a detecção da doença no animal serve como um aviso de que ela não foi extinta”, é o que explica o responsável técnico e gerente do laboratório, Robson Delai.
Atualmente, os pesquisadores do laboratório trabalham com a detecção de dengue e chikungunya em mosquitos fêmeas, em uma parceria com o CCZ que tem o objetivo que evitar epidemias ou pelo menos diminuir sua intensidade.
O CCZ instala “armadilhas” – equipamentos de captura de mosquitos – em locais estratégicos da cidade, que monitoram periodicamente a presença de mosquitos. Os mosquitos são coletados, levados ao laboratório e examinados para a detecção da presença viral. A informação sobre a presença ou ausência de vírus é repassada ao CCZ em menos de 24 horas. Com isso é possível fazer um mapeamento de onde esses mosquitos vieram e realizar busca ativa nos locais específicos. Dessa forma, os agentes podem procurar por pessoas que possuam os sintomas, mas que ainda nem foram notificadas, tudo isso antes mesmo que uma possível epidemia comece.
E esse trabalho já vem apresentando resultados: alguns bairros de Foz do Iguaçu já apresentaram diminuição de 55% da incidência de mosquitos com o vírus, enquanto antes, quando ainda não havia esse direcionamento, a margem de diminuição ficava numa média de 20%.
O laboratório de biologia molecular utiliza técnica de PCR em tempo real e o que tem em reagente e equipamentos mais inovadores em todo o mundo para a metodologia de diagnóstico. Seguindo normas internacionais, conta com um sistema de biosegurança que elimina riscos de contaminação do material genético, aumentando assim sua eficácia.
Além das rotinas de prestação de serviço, o IEP consegue transformar todo o trabalho realizado em pesquisas. A partir de parcerias com a prefeitura, com o HMCC, com as Universidades públicas e privadas (UFPR, Unila, UDC e Unipar), além dos professores e alunos de mestrados e doutorados que procuram por parcerias, o laboratório possibilita uma pesquisa de base, atrelada ao grupo de trabalho e à presença de professores doutores. Uma exigência do CNPQ que pode facilitar ainda, no futuro, o acesso a verbas de pesquisa.