A experiência da Itaipu Binacional na área de mobilidade elétrica vai servir de base para as discussões do governo federal na elaboração da nova política automotiva do País, chamada de Rota 2030 – Mobilidade e Logística. O trabalho é coordenado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), com a participação de outros ministérios e órgãos públicos e também da iniciativa privada. O novo plano, que substituirá o Inovar-Auto, de 2013, está previsto para entrar em vigor em janeiro de 2018.
Nesta terça-feira (11), uma comitiva integrada por representantes do Mdic, Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da agência de cooperação Brasil-Alemanha (GIZ) participou de uma visita técnica à usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR).
O grupo foi recebido pelo coordenador brasileiro do Programa Veículo Elétrico (VE), Celso Novais (AM.GB), e conheceu o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Elétricos (CPDM-VE). Novais falou sobre o programa e apresentou as principais linhas de pesquisa.
Houve também contato da comitiva com o diretor-superintendente da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), Ramiro Wahrhaftig, e o diretor técnico, Cláudio Osako.
Coordenador geral do setor da indústria automotiva do Mdic, Marcelo Saraiva explicou que a nova política será de longo prazo, com três ciclos de cinco anos cada um, e contemplará vários temas – como segurança veicular, investimentos em P&D e engenharia, conectividade e eficiência energética.
Neste último item, foi criado um subgrupo para tratar especificamente de veículos elétricos. “O objetivo é fazer um grande nivelamento de informações do estado da arte dessa discussão de veículos elétricos no Brasil e uma das iniciativas propostas foi justamente a visita técnica à Itaipu, para conhecer o Programa VE e o know-how da empresa neste setor”, disse Saraiva.
O diretor de desenvolvimento produtivo da ABDI, Miguel Nery, afirmou que há uma forte tendência de aumento na participação dos veículos elétricos na frota dos países e, por isso, um capítulo dedicado a essa tecnologia na nova política industrial brasileira é fundamental.
“Quando discutimos a introdução de veículos elétricos no Brasil, o fato que considero relevante é a expectativa de desenvolver uma indústria nacional. Por isso a importância da nossa visita: Itaipu já vem há mais de dez anos pesquisando tanto soluções para o veículo elétrico em si, como, particularmente, para o seu maior gargalo, que é o armazenamento de energia [a bateria]”, pontuou.
“Estar na Itaipu significa dizer que estamos buscando encontrar e entender o que está sendo feito de melhor em termos de tecnologia. E que certamente irá contribuir para a concepção de uma política de desenvolvimento da indústria de veículos elétricos no Brasil”, completou.
Carlos Alexandre Pires, diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do MME, comentou que as discussões sobre veículo elétrico abrem a perspectiva para questões que vão além da mobilidade – como eficiência energética, armazenamento, geração distribuída e proteção ao meio ambiente.
Outra questão é a saúde: estima-se que o País gaste em torno de R$ 30 bilhões por ano para tratar de doenças respiratórias – e o transporte tem um grande peso nesse quadro. “Ou seja, além de ter investimentos equivocados, você tem custos decorrentes do investimento equivocado”, avaliou Ubiratan Castellano, assessor da Secretaria de Planejamento do MME.
O assessor especial do gabinete do ministro Fernando Coelho Filho (MME), Guilherme Syrkis, lembrou que o governo federal vai buscar atrelar o planejamento do setor de energia ao Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário e que tem metas audaciosas para redução das emissões de carbono do planeta. “Queremos construir um ambiente em que a melhor tecnologia, com a maior eficiência e a menor emissão de carbono, possa crescer no País.”
O próprio Coelho Filho tem contribuído para divulgar a eletromobilidade – no último mês, o ministro recebeu de Itaipu um veículo elétrico para ser utilizado em seus deslocamentos em Brasília. “Usa todos os dias”, assegurou Syrkis.
Celso Novais salientou que as ações na área de mobilidade elétrica estão conectadas com a missão empresarial da Itaipu – gerar energia de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai.
Segundo ele, “é gratificante compartilhar nossas experiências para ajudar a promover o desenvolvimento industrial do Brasil e a construção de soluções sustentáveis que contribuam para a preservação do planeta para as próximas gerações”.