A Secretaria de Estado da Saúde alerta que grande parte dos adolescentes não busca as unidades de saúde para tomar as vacinas recomendadas à sua faixa etária, que compõem o calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a Organização Mundial de Saúde, adolescentes são todos aqueles na faixa etária entre 10 e 19 anos.
“Um dos grandes méritos da saúde pública no Brasil é o programa de imunizações, que proporcionou a eliminação em nosso país de doenças como a poliomielite e o sarampo. Mas para esses resultados serem mantidos, temos que intensificar a cobertura vacinal”, destaca o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto.
Ele chama a atenção dos gestores municipais de saúde para coberturas muito desiguais no Paraná. Como exemplo, cita a campanha de vacinação contra a gripe em que alguns municípios não atingiram a meta de vacinar 90% do público-alvo. Uma cidade paranaense não chegou a 50% de imunização em crianças e seis não alcançaram o mesmo percentual com gestantes. Quanto às vacinas que estão no calendário vacinal do SUS, a baixa procura pode interferir na redução de doenças preveníveis.
“O número de adolescentes que efetivamente buscam as vacinas é muito baixo. Alguns desconhecem a necessidade de se vacinar, outros têm falta de motivação. Precisamos mudar esta realidade e fazer com que eles busquem a imunização e que os pais incentivem este comportamento”, afirmou o chefe do Centro Estadual de Epidemiologia, João Luís Crivellaro.
Aos adolescentes são recomendadas as vacinas contra a hepatite B; difteria e tétano (dupla); febre amarela; sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral); papilomavírus humano (HPV) e a meningocócica C (contra a meningite).
Para saber quantas doses de cada vacina devem ser tomadas é preciso que seja feita uma análise da carteirinha de vacinação do paciente. Caso ela tenha sido perdida ou a pessoa não saiba qual já tomou, serão aplicadas as vacinas de acordo com sua idade, conforme a tabela do Programa Nacional de Imunização.
Sobre a vacina do HPV, dados preliminares da Secretaria Estadual da Saúde, referentes ao período de janeiro a junho de 2017, mostram que apenas 5,18% das meninas e 6,03% dos meninos de 13 anos receberam a dose da imunização no Estado.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Julia Cordellini, um dos principais fatores que influenciam na baixa procura é a comunicação inadequada. “Os adolescentes querem ser escutados. De nada adianta impor a eles a obrigatoriedade de tomar a vacina. Se conversarmos com eles e explicarmos os porquês da imunização, muitos vão entender e vão até motivar os amigos para que façam o mesmo”, salientou.
REFORÇO – Muitas vacinas que são tomadas durante a infância precisam ser reaplicadas na adolescência para assim garantir a imunização. A dupla, contra difteria e tétano, deve ser reforçada a cada 10 anos ou a cada cinco anos, caso a pessoa possua ferimentos graves.
Este ano o Ministério da Saúde recomendou que seja aplicada uma dose de reforço da vacina meningocócica C em adolescentes entre 12 e 13 anos. Já a vacina para prevenir o HPV teve sua faixa etária ampliada e agora é indicada para meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos.
Recentemente, a vacina para prevenir o HPV teve sua faixa etária ampliada pelo Ministério da Saúde, sendo agora indicada para meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos.
Crivellaro reforça a importância de manter a regularidade na imunização e deixar a carteirinha de vacinação sempre em dia. “Uma das dificuldades que enfrentamos é saber quais vacinas o adolescente já tomou. Nem todos possuem suas carteirinhas preenchidas. Caso o adolescente não tenha acesso a seu histórico de imunização, ele deverá começar a receber as doses baseadas em sua faixa etária”, destacou o chefe do Centro Estadual de Epidemiologia.
EXEMPLO – Julia Lopes, estudante curitibana de 18 anos, é um exemplo de alguém que mantém em dia sua carteirinha de vacinação. Influenciada pelos pais, Julia criou o hábito de ir às unidades de saúde em busca das doses da imunização. “Sempre tomei. Quando era criança, meus pais me levavam para tomar vacina. Depois, quando fiquei mais velha, ia por conta própria. É muito importante estar prevenida”, contou.
Entretanto, a persistência da estudante não é algo tão comum entre os adolescentes. Para ela há certo descaso tanto por parte de seus colegas como pelos pais, que nem sempre incentivam os filhos a buscarem as doses.
“Nem todo mundo sabe que precisa tomar vacina. E não é só falta de conhecimento, às vezes é descaso. Por exemplo, eu tenho uma prima com 12 anos que até pouco tempo não sabia que precisava tomar a vacina contra o HPV e os pais achavam que não era necessária. As pessoas precisam ficar mais atentas e cuidar mais de sua saúde”, reforçou a estudante.
AEN