Cerca de quatro toneladas de carnes nobres, sem procedência, foram apreendidas na manhã desta quinta-feira (8), durante uma operação conjunta denominada “Espeto Corrido”. A ação teve como objetivo desarticular uma quadrilha que falsificava selo municipal e estadual de inspeção para a comercialização de carnes.
As investigações foram coordenadas pela Delegacia de Estelionato de Curitiba, em uma força-tarefa com o Ministério da Agricultura, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Vigilância Sanitária de Curitiba, Pinhais e Foz do Iguaçu, além da Receita Federal de Curitiba e Foz. A 6ª Subdivisão Policial (SDP) de Foz deu apoio à operação.
Em Foz do Iguaçu, duas distribuidoras de carnes foram fiscalizadas. Conforme investigações, as duas empresas eram as principais responsáveis pela comercialização das carnes aos estabelecimentos de Curitiba. Todas as carnes dos locais em Foz também foram apreendidas e as distribuidoras fechadas pela Receita Federal e Vigilância Sanitária. No município de Pinhais, Região Metropolitana da Curitiba (RMC), outra distribuidora de carnes foi inspecionada, mas sem apreensão.
De forma simultânea, 13 estabelecimentos comerciais foram fiscalizados. Na capital, uma distribuidora de carnes e nove churrascarias foram vistoriadas, com diligências nos bairros Alto da Glória, Batel, Cajuru, Fanny, Santa Felicidade, Uberaba, Tarumã e Xaxim. Dos dez locais, oito tiveram apreensão de carne. Todos os produtos irregulares foram inutilizados. As churrascarias cobravam um valor que variava de R$ 68 a R$ 97 por refeição.
As carnes apreendidas são bovinas, suínas e pescadas e eram comercializadas de forma irregular, pois os selos eram falsificados sem passar por inspeções sanitárias. Agora as investigações estão em andamento para apurar a origem das mercadorias, bem como para saber de que forma as falsificações eram feitas.
Os proprietários das empresas envolvidas no esquema delituoso serão indiciados pelos crimes de associação criminosa, crime contra a ordem tributária, estelionato, receptação e falsificação de selo público municipal e estadual. Se condenados, os autuados poderão pegar mais de 20 anos de prisão.
O delegado-titular da Delegacia de Estelionato, Walace de Oliveira Brito, conta que já havia um inquérito em andamento sobre a questão e que uma nova denúncia suscitou a realização da ação conjunta com outros órgãos. “Já há indícios de fraude nos selos necessários, sem os quais a carne não pode ser comercializada, e que aponta para uma incidência criminal”, afirmou.
Na esfera municipal serão instaurados processos administrativos sanitários, sendo que as penalidades variam de advertência escrita a multa. Ninguém foi preso até o momento.
Segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, Franciele Narloch, como não se pode garantir a procedência desses produtos, também não é possível assegurar que esses produtos estariam de fato possíveis de serem consumidos. “Considerando a irregularidade de um produto sem procedência, um produto com uma chancela irregular que está em processo de investigação, não é possível falar que esse produto é próprio para consumo”, disse ela.
A chefe de inspeção do Ministério da Agricultura Luciana de Oliveira foi a representante da Pasta na ação desta quinta-feira, que deu apoio para verificação dos produtos nos locais vistoriados.
Fonte: Polícia Civil/Paraná