Passaram pelo vertedouro de Itaipu durante o domingo (5), 5 mil metros cúbicos de água por segundo. Para se ter uma ideia, a quantidade de água equivale ao volume médio de quatros Cataratas do Iguaçu. A expectativa é que essa semana a usina receba uma vazão acima de 19 mil metros cúbicos de água por segundo.
Com o reservatório já cheio, Itaipu precisa verter a água excedente da produção de energia. Com tanta água. Os técnicos de Itaipu trabalham para mitigar os possíveis riscos de uma cheia provocada pelo aumento do volume de água no reservatório. Não chove apenas na região da fronteira do Brasil com o Paraguai, mas em toda a bacia do Rio Paraná, que já está com um bom volume de água. Com isso, é necessário trabalhar para reduzir o risco de inundações, principalmente no Bairro San Rafael, em Cidade do Leste, no Paraguai.
Em cenários assim, com possibilidade de aumento do volume de água no reservatório, quando ele já está cheio, a Itaipu leva em consideração sempre quatros pontos imprescindíveis do ponto de vista operacional e diplomático: a segurança da barragem, a gestão do Acordo Tripartite-Corpus, o melhor aproveitamento da matéria-prima para a geração de energia e ações para reduzir os impactos causados pelo excesso de chuva.
A usina usa toda a vazão que chega para gerar energia elétrica e só despeja pelo vertedouro o excedente, a sobra de água. Não fosse a barragem, essa água toda seguiria o curso natural do rio e as enchentes seriam inevitáveis e com maior frequência. Quando há risco imediato de inundação, o Comitê de Cheia é acionado e todos os orgãos da Defesa Civil são informados para adotar as medidas cabíveis.
Itaipu conta com mais de 2.500 instrumentos para acompanhar o comportamento das estruturas de concreto e da fundação das suas barragens (a de concreto é uma delas, mas o complexo inclui barragens de enrocamento – pedra – e terra), além de 5.295 drenos e do próprio vertedouro, com capacidade para vazão de 60 mil metros cúbicos por segundo. O controle contribui para a robustez do empreendimento.
Quando a enchente é inevitável, é preciso levar em consideração também a gestão do Acordo Tripartite, que rege as relações entre Brasil, Paraguai e Argentina para o aproveitamento dos recursos propiciados pelo Rio Paraná. A área operacional de Itaipu procura atender os limites de atuação da usina que possam ter implicações em território argentino.