Dia 30 de março acontece o julgamento do acusado de matar a estudante uruguaia Martina Piazza Conde, assassinada em 2014, por Jéferson Diego Gonçalves.
Amigos e colegas de Martina irão realizar um ato pedindo justiça, em frente ao fórum. A população não terá acesso ao júri popular.
Foi criada uma página no facebook, onde foi publicada uma carta chamando a população para a manifestação, confira a carta:
Martina Piazza Conde, nasceu no Uruguai. Tinha 27 anos e estava no último ano do curso de Antropologia na UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana). Sempre presente em discussões sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres e em atividades culturais da cidade. Conhecida por muitas pessoas da cidade, se preocupava em contribuir com a Unila e retribuir de alguma forma o carinho com o qual vários grupos da cidade a recebeu.
No dia 2 de Março de 2014, um domingo de carnaval, Martina se apresentou com o grupo de Maracatu, do qual era integrante, e logo depois foi vista pela última vez acompanhada por um rapaz, frequentador de alguns grupos comuns. A busca por Martina começou depois de 48h de seu desaparecimento e mobilizou toda a cidade. Muitas pessoas, incluindo quem não conhecia Martina, se mobilizaram nas redes sociais com a hashtag “#alguémviuMartina?”, divulgando imagens e informações sobre ela e sobre o único suspeito pelo seu desaparecimento. Quatro dias depois, encontraram o corpo de Martina sem vida no apartamento de um casal amigo que estava viajando.
Martina foi brutalmente assassinada através de estrangulamento, o que torna evidente a intenção de matar. Sem nenhuma possibilidade de defesa Martina foi morta de maneira muito semelhante à muitos outros crimes cometidos contra mulheres em todo o país. As imagens gravadas pela câmera de segurança mostram que ela não tinha noção de que sua vida estaria em risco. Uma hora e meia depois, apenas o rapaz sai sozinho e apressadamente, tem as chaves do apartamento nas mãos. Ele se chama Jeferson Diego Gonçalves, tinha 31 anos na época do crime. Ele foi preso no dia 15 de março de 2014 e no mesmo dia da sua prisão ele confessou o crime, sem conseguir explicar a motivação e com a mesma frieza mórbida que entrou e saiu do apartamento onde tirou a vida de Martina.
Após três anos da morte de Martina, período de muita dor, medo e comoção, será realizado no dia 30 deste mês de março, às 12h15, o julgamento do feminicidio de Martina Piazza, na cidade de Foz do Iguaçu-PR, através de Júri Popular. A população não terá acesso ao tribunal de júri, mas podemos expressar a nossa dor, solidariedade e a nossa comoção indo protestar em frente ao Fórum, pela Martina, pelas mulheres e homens que têm suas vidas afetadas a cada vez que uma mulher é violentada e ou assassinada, pelas mulheres da nossa família, por todas nós, e por NENHUMA A MENOS! Nos ajude a condenar veementemente os crimes contra as mulheres! Pena máxima para Jeferson Diego!
Martina presente! Ahora y siempre!
Relembre o crime:
Martina tinha 26 anos e foi morta violentamente em Foz do Iguaçu. A morte comoveu a comunidade universitária e a UNILA declarou luto oficial por três dias. A estudante tinha uma vivência ativa nas atividades culturais e acadêmicas, participava da Casa de Teatro, do grupo de maracatu “Alvorada Nova” e de vários outros projetos e oficinas culturais. Um de seus últimos trabalhos foi a atuação como atriz em um curta-metragem produzido por estudantes do curso de Cinema da Universidade. Na véspera de sua morte, havia se apresentado com o grupo de maracatu na festa de carnaval da cidade. Também era uma ativista de direitos humanos e do feminismo: foi organizadora da primeira Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu.