Há quatro anos, um incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, provocou a morte de duzentas e quarenta e duas pessoas. A tragédia é considerada a segunda maior já registrada no Brasil, sendo superada apenas pelo incêndio do Gran Circus Norte-Americano, ocorrida em 1961, em Niterói, no Rio de Janeiro, quando morreram 503 pessoas.
Segundo o laudo do Corpo de Bombeiros, o fogo foi provocado por um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local. Ele acendeu um sinalizador que emitia fagulhas que atingiram o teto revestido de espuma. O revestimento que era utilizado para diminuir o ruído no local rapidamente pegou fogo.
O inquérito policial apontou 28 pessoas como responsáveis, inclusive o prefeito municipal da época. Quando o inquérito chegou ao Ministério Público, quatro bombeiros foram denunciados. Um foi absolvido, dois condenados pela Justiça Militar por expedição de alvará e outro pela Justiça comum por fraude processual. Todos cumprem penas em liberdade.
Outras quatro pessoas foram denunciadas por homicídio: os dois donos da boate, um músico e um produtor da banda. O juiz resolveu levá-los ao Tribunal de Júri. Mas a defesa recorreu e o caso está sendo examinado pelo Tribunal de Justiça.
Os rumos do processo frustraram as famílias das vítimas que queriam que mais pessoas fossem denunciadas pelo Ministério Público e condenadas pela Justiça. Os familiares começaram a fazer pressão e acabaram enfrentando processos por calúnia e difamação por parte de um promotor que estava no caso.
O incêndio na Boate Kiss é classificado como a quinta maior tragédia da história do país, a maior do Rio Grande do Sul, e a de maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil. Está ainda em terceiro lugar entre o maior desastre em casas noturnas do mundo.
EBC