Depois de dois meses fechado para obras de revitalização, o Marco das Três Fronteiras reabre para o público nesta quinta-feira (22), às 16h, com mais novidades. Agora, o atrativo passa a contar com uma vila cenográfica em homenagem às missões jesuíticas, um restaurante, show de luzes e águas em torno do obelisco que marca a fronteira do Brasil e até um parque infantil. À parte, o inesquecível espetáculo da natureza: o pôr do sol sobre o encontro das águas dos rios Iguaçu e Paraná.
O Marco das Três Fronteiras, que ainda receberá outras obras ao longo dos próximos dois anos, é o primeiro atrativo da fronteira que traz a preocupação não apenas de ser um espaço de contemplação e lazer, mas também de difusão cultural. “A ideia do projeto não foi apenas revitalizar esta área, mas compartilhar com os moradores e os visitantes a história e a cultura da região”, afirma Adélio Demeterko, gerente geral da Cataratas do Iguaçu S.A., empresa que venceu a concessão para explorar o atrativo, por um prazo de 15 anos.
Missões
A arquitetura de todo o espaço chama a atenção. O objetivo foi reproduzir as reduções, povoados indígenas organizados pelos padres jesuítas no continente americano, durante os séculos 17 e 18. Foz do Iguaçu está num raio de 300 km das 30 reduções jesuíticas identificadas no Cone Sul. Para contar um pouco desta história, foi também montado um cinema, onde passa um documentário sobre essa experiência, que resultou num surpreendente sistema social.
O espaço do Marco das Três Fronteiras traz ainda, em tamanho natural, a reprodução de alguns dos principais personagens do filme britânico “A Missão”, de 1986, que mostrou como se formaram as reduções jesuíticas, como viviam os índios – que não eram escravos, como nas propriedades agrícolas da época – e como foram progressivamente destruídas. O filme teve como cenário a região de fronteira, com destaque para as majestosas Cataratas do Iguaçu.
As Cataratas também são destaque também em outro local que procura valorizar a história da região: o Memorial Cabeza de Vaca, que homenageia o primeiro europeu a visitar as Cataratas do Iguaçu. O desbravador espanhol Alvar Núñez Cabeza de Vaca passou pelas Cataratas em 1542, quando procedia do Litoral rumo a Assunção, no Paraguai.
Mais beleza
O obelisco construído pelo Brasil em 1903 (há outros semelhantes no lado argentino e no lado paraguaio da fronteira) foi valorizado com show de águas e luzes. O obelisco fica na Praça das Três Fronteiras, onde está também o Restaurante Cabeza de Vaca, outra homenagem ao desbravador espanhol. Ali, num espaço de mais de 500 metros quadrados, integrado à paisagem local e à natureza, o visitante poderá desfrutar o melhor da gastronomia regional.
O horário de atendimento é das 16h às 22h, diariamente. Os ingressos custam R$ 20 (R$ 18 de entrada e R$ 2 de contribuição voluntária ao Fundo Iguaçu). Crianças com idade entre 2 e 11 anos, estudantes brasileiros e idosos brasileiros com mais de 60 anos pagam R$ 11 (entrada mais contribuição para o Fundo Iguaçu). Moradores da cidade que apresentem comprovante de endereço e documento com foto não pagam.
Apresentação
As novas obras de revitalização do Marco das Três Fronteiras foram apresentadas à imprensa e a convidados na noite de terça-feira (21). Houve shows de danças típicas do Brasil, Paraguai e Argentina e apresentação de folclore indígena, próximo ao obelisco.
Na apresentação das obras, o presidente do Grupo Cataratas, Bruno Marques, disse que foram investidos R$ 27 milhões. Segundo ele, o investimento foi uma forma de pagar “a dívida com Foz do Iguaçu”, onde a empresa nasceu, em 2001, para explorar a visitação nas Cataratas do Iguaçu e hoje atua também no Rio de Janeiro e em Fernando de Noronha. Ele disse que “o iguaçuense entrará de graça aqui no Marco das Três Fronteiras para o resto da vida”.
O superintendente de Comunicação Social da Itaipu e secretário-geral do Codefoz, Gilmar Piolla, lembrou que Foz do Iguaçu deve seu nome ao local onde o Rio Iguaçu deságua no Rio Paraná. “Os índios consideravam esse local abençoado”, afirmou. E destacou a coincidência de que o Rio Iguaçu nasce na Serra do Mar e, depois de percorrer todo o Estado, deságua no Rio Paraná, que, segundo os índios, é “um rio que parece mar”.
A revitalização do atrativo turístico, afirmou Piolla, é também resultado da atuação da Gestão Integrada do Turismo, que, junto com técnicos da Prefeitura, elaborou o edital de concessão e fez todo um esforço para que a área, até então praticamente abandonada, passasse à iniciativa privada. Ao assumir o espaço, “a Cataratas do Iguaçu S.A. demonstra confiança no Destino Iguaçu”.
O presidente do Conselho Municipal de Turismo, Felipe González, contou que há muitos anos, quando uma equipe de iguaçuenses visitou Jerez de la Frontera, na Espanha, cidade onde nasceu Cabeza de Vaca, os espanhóis propuseram a implantação de um espaço para reverenciar o explorador, o que se tornou realidade. “A partir de agora, estaremos levando ao mundo essa história e também a saga maravilhosa das Missões Jesuíticas”, disse.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Carlos Silva, disse acreditar que será possível aumentar a permanência média do turista em Foz do Iguaçu. É a mesma opinião da prefeita em exercício Ivone Barofaldi, para quem o atrativo poderá “segurar os turistas por pelo menos mais um dia”.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, reafirmou o seu orgulho por ser iguaçuense e disse que o investimento feito no local “terá a capacidade de recuperar a imensa dívida com o Marco das Três Fronteiras, que é anterior à data de nascimento de Foz do Iguaçu” (foi construído em 1903, enquanto a cidade foi criada oficialmente em 10 de junho de 1914).
Os obeliscos
Um dos principais símbolos da região de Foz do Iguaçu, o Marco das Três das Fronteiras é um obelisco erguido para celebrar a paz entre os povos da tríplice fronteira, estabelecendo o limite territorial e a soberania do Brasil com a Argentina e o Paraguai.
Cada país possui seu próprio monumento. Eles se diferenciam pelas cores nacionais. O marco brasileiro, construído em pedra e cimento, foi inaugurado junto com o marco argentino, por uma comissão estratégica dos dois países: a brasileira, sob o comando do general Dionísio Cerqueira; e a da Argentina, do general Garmêndia. O marco paraguaio foi erguido algumas décadas mais tarde.
JIE