Especialistas não descartam novo surto de dengue e zika com a chegada do verão

Com a chegada do verão e o aumento da infestação de mosquitos, o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, que coordena uma rede de 300 pesquisadores do país também está preocupado com a incidência das doenças ligadas ao Aedes aegypti. Segundo ele, apesar dos esforços científicos e que relacionaram a microcefalia à zika, não é possível saber se quem já teve a doença uma vez ficou imune.

“A gente viu um arrefecimento da doença por causa da condição do vetor, mas, agora, chegando chuvas, temperaturas mais altas, estamos alertando, a todo momento, que lidaremos com a alta do vetor e podemos ter os mesmos casos acontecendo”, disse Stabeli sobre a crise da zika em 2015, que levou o país a decretar situação de emergência por causa da microcefalia.

No simpósio, ao apresentar a situação epidemiológica no Brasil, onde a zika já chegou a quase todos os estados, o epidemiologista Maurício Barreto cobrou também mais recursos internacionais para a pesquisa e flexibilidade de órgãos reguladores para destravar os estudos.

“Muitos laboratórios precisam importar e exportar material, como amostra. É comum que uma parte das pesquisas seja feita fora do país e o pesquisador precise mandar sua amostra para Alemanha ou trazer material [desse país]. Esse processo de ida e vinda às vezes leva meses e acontece no caminho de o material se deteriorar, não prestar ou estar envelhecido”, criticou.

Pesquisas brasileiras

Do ponto de vista positivo, Stabeli destacou a organização dos cientistas brasileiros que investiram esforços pessoais contra a zika e chegaram a importantes resultados. “A partir de uma força mútua, com motivação pessoal, conseguiram publicar trabalhos-chave que mostraram as relações da zika congênita não só com a microcefalia, mas com as demais doenças do sistema nervoso central que acometem na gestação e a Guillain-Barré”, citou.

Para o futuro, o pesquisador espera colocar em uso o kit de teste rápido elaborado pela Fiocruz e recentemente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para identificar a zika de forma mais rápida.

O seminário no Rio, que faz um balanço dos avanços científicos e lança desafios para controlar a doença vai até quinta-feira (10), na Academia Nacional de Medicina.

EBC

Sair da versão mobile