O Hospital de Olhos de Cascavel acaba de realizar o primeiro transplante do endotélio da córnea da história da oftalmologia no Oeste do Paraná. Até há pouco restrita aos maiores centros de transplantes do mundo, a moderna técnica cirúrgica consiste em transplantar apenas uma fina camada da córnea (o endotélio) e não a córnea inteira, como acontece na técnica tradicional.
“Ao diminuir a área de transplante, reduzimos a possibilidade de rejeição, encurtamos o tempo de recuperação e melhoramos o resultado final”, resume a médica oftalmologista Lícia Deon Weirich, integrante da equipe de 18 oftalmologistas do Hospital. Ela realizou esta primeira cirurgia no último dia 12, e o paciente, um cascavelense de 62 anos recupera-se bem e com ótimo resultado visual. Após duas semanas já pode voltar as suas atividades rotineiras e após cerca de um mês já pode retornar a sua rotina de exercícios físicos e esforços habituais. Caso ele tivesse sido submetido ao transplante convencional, sua recuperação levaria, no mínimo, seis meses, ou até um ano.
Fila zero para transplantes
Cascavel, 316 mil habitantes, é polo e referência para a região Sul do País em medicina de média a alta complexidade, com quase uma centena de clínicas e hospitais e mais de 600 médicos das diferentes especialidades. O Município também é sede do Banco de Olhos de Cascavel, entidade sem fins lucrativos, que é mantida pelo Hospital de Olhos, com apoio da Comunidade Regional. O Banco registra um dos maiores volumes de captação de córneas no País (a média recente é de 35 doadores mensais).
Graças a esse apoio e à solidariedade da população regional, Cascavel é um dos poucos municípios do Brasil, que conseguiu zerar a fila para transplante de córneas. “O tempo de espera é quase inexistente, resume-se à tramitação do processo junto à Central de Transplantes e autoridades competentes”, explica o médico Cesar Shiratori, um dos diretores do Banco de Olhos de Cascavel.
Vantagens para o paciente
Pioneira na técnica de transplante endotelial, também conhecida como DMEK (de Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty), nesta região do Paraná, a médica Lícia Deon Weirich explica que ela se aplica a pacientes portadores de doenças específicas do endotélio, como alterações genéticas e distrofias, como a Distrofia de Fuchs. Nesta doença, as células do endotélio da córnea morrem antecipadamente e, por isto, a córnea perde a sua transparência. O paciente pode ter dor e sintomas principalmente pela manhã como embaçamento importante e intolerância à claridade. Outros motivos de falência do endotélio são possíveis traumas no olho causados por cirurgias anteriores, que podem danificar o endotélio e a transparência da córnea.
Até recentemente restrita aos grandes centros de transplantes do mundo, a técnica utiliza instrumental cirúrgico de ponta, mas, sobretudo, exige experiência e habilidade específica do cirurgião nesta técnica. “Nos casos em que há indicação para o transplante endotelial, o paciente só tem vantagens. Baixamos o risco de rejeição de 10 a 15% do transplante convencional, para algo em torno de 1%. Em vez de 16 pontos cirúrgicos, quando muito, fazemos um ou dois pontos. O período de recuperação, que passa dos seis meses no transplante de córneas tradicional, cai para entre 30 e 40 dias, com uso de colírios por menos tempo. Além disto, o transplante endotelial pode ter melhor resultado visual final, sem interferir no astigmatismo do paciente”, resume. “É muito importante fazer uma avaliação com um médico oftalmologista, para saber se há indicação de realização desse tipo de transplante”.
Sobre o Hospital de Olhos de Cascavel
O Hospital atende pacientes dos mais diferentes estados brasileiros, do Paraguai e da Argentina. Conta com uma equipe de 18 oftalmologistas e equipamentos de última geração, para diagnosticar e tratar as mais diversas patologias que podem afetar a saúde ocular. Reúne, na mesma estrutura, exames, tratamentos e ambientes confortáveis para a internação. Conta com cinco salas cirúrgicas. Para maiores informações, acessewww.hospitaldeolhos.com.br