“Não existe recuperação a curto prazo. O Brasil vai voltar a crescer, sim, mas antes precisamos pagar a conta, fazer a lição de casa, porque também em economia, não existe almoço grátis”.
A avaliação é de Eduardo Yuki economista-chefe do BNP Paribas Asset Management em encontro com mais de uma centena de cooperados da Uniprime Oeste em Cascavel, na noite de quarta-feira.
A presença de Yuki, ao lado do também do economista Eduardo Francisco Loverro (também do BNP Paribas) e Silas Devai Junior Superintende de Vida, Previdência e Patrimoniais da Seguros Unimed e, cumpre mais uma etapa do Programa da Educação Financeira desenvolvido pela Cooperativa de Crédito, que incluiu um segundo encontro com Cooperados de Foz do Iguaçu, nesta quinta. A pauta incluiu temas como: cenários econômicos e tendências, composição da carteira de investimentos e ainda previdência como ferramenta de sucessão patrimonial.
Cenário internacional é desafiador
Segundo Yuki, a máxima de que “não existe almoço grátis”, se aplica tanto no cenário interno quanto na economia mundial. Em sua visão, a atividade mundial apresenta sinais de exaustão. Os EUA reduziram a projeção de expansão do PIB real e os indicadores não sugerem forte recuperação da atividade no curto prazo, sem contar a estagnação do lucro das empresas, o que vai, em consequência, arrefecer o ritmo de geração de empregos e do consumo das famílias.
Já a economia chinesa, segundo Eduardo Yuki, inspira cuidados especiais. Embora o governo daquele País mantenha-se otimista, acenando com taxas de crescimento de 7% ou mais, existem indicadores preocupantes, como a queda de 20% no transporte ferroviário e o crescimento assustador da dívida corporativa, que hoje atinge 171%, contra a média mundial de 90%.
Segundo ele, o endividamento das empresas chinesas indica que sua capacidade de investimentos está se exaurindo e aponta para a desaceleração. “Não ousaria afirmar que se trata de uma bolha, até porque ela só se configura como bolha depois que estoura, mas o fato é que o empresário chinês não tem mais capacidade de investimento”, disse. Quadro semelhante, em sua opinião, verifica-se em Hong Kong, Singapura e outros países.
Na Europa, o clima é de crescimento apenas moderado (de 1 a 1,5% ao ano). Na avaliação do economista, este cenário mundial aponta para uma demanda contida por commodities, o que resulta em queda de seus preços, configurando uma perspectiva pouco animadora para o Brasil, fornecedor destas commodities.
Brasil começa um novo ciclo
De acordo com Yuki, as estatísticas e a história mostram que o Brasil vive hoje o ponto de início de virada para um novo ciclo econômico, “Sempre que mergulhamos na recessão, a própria sociedade faz mudar a direção da política econômica. Precisamos acompanhar com atenção o resultado fiscal do governo e a escolha entre melhorar a receita ou cortar gastos”, disse.
Na opinião do economista, os primeiros sintomas da virada para um novo ciclo podem ser percebidos com o processo já visível, de desinflação. O País caminha de uma inflação de 10% para 7% e mirando 4%. Não significa que os preços tenham deixado de subir, mas sim, que estão subindo menos.
Dentro desta visão, Yuki diz que “a recuperação econômica do Brasil vai passar, necessariamente pela queda agressiva dos juros”. À medida em que os economistas e o mercado virem ações concretas de redução, aumenta a disponibilidade de crédito e a atividade econômica, dando início à retomada do crescimento, explica. Mas, segundo ele, não vai ser de uma hora para outra, porque a renda mensal das famílias brasileiras está muito comprometida (estudos indicam que, em média, 22% da renda familiar é destinada a pagar juros, quando a média mundial é de 10%).
Embora vislumbre na desinflação indícios de recuperação da economia, Yuki se autodefine como “pessimista no curto prazo (próximos 12 meses) e otimista a longo prazo”, lembrando que não visualiza risco de solvência externa, as reservas brasileiras equivalem a 24% do PIB e a dívida equivale a 70% do PIB, uma condição bem mais confortável por exemplo, que a do Japão (250%), França (110%) e Bélgica (110% do PIB).
Sobre a Uniprime Oeste
A Cooperativa de Crédito é integrada por 3.250 empresários e profissionais de diferentes áreas, especialmente da área de saúde. Conta com três agências em Cascavel e outras duas em Foz do Iguaçu.
Taxas competitivas, maior portfolio de produtos e serviços, participação nas sobras e, principalmente, um atendimento personalizado. Esses são diferenciais da Uniprime Oeste, que detém ativos da ordem de R$ 321 milhões e registra historicamente as maiores taxas de retorno aos cooperados. Até o final de julho do corrente ano, a Cooperativa já havia acumulado sobras de ordem de R$ 5,1 milhões.
A Uniprime contabiliza um dos mais baixos índices de inadimplência (0,46% do total da carteira de crédito) e a rentabilidade sobre o capital alcançou ao final do primeiro semestre, exatos 48,70%.