Uma ação inovadora, lançada em 2014 em Curitiba, chega a Foz do Iguaçu nessa sexta-feira (5). Pela primeira vez, uma unidade móvel de testagem vai percorrer pontos estratégicos da cidade oferecendo testes rápidos de HIV. O público alvo são homens que fazem sexo com homens (HSH), principalmente jovens, população-chave mais vulnerável à infecção, mas todas as pessoas que procurarem o serviço serão atendidas. O trailer, equipado com dois laboratórios, vai funcionar sempre às sextas-feiras e sábados, das 18h às 22h. Esse mês, a unidade móvel estará na Praça das Nações (Mitre).
A equipe contratada pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) para desenvolver a atividade na fronteira passou por oficinas, capacitações e treinamentos. São coletadores, aconselhadores e educadores. “Mas existe uma figura muito importante na ação: os linkadores. Esse profissional vai incentivar o portador, lembra-lo e acompanha-los nos exames, facilitando a adesão aos serviços de saúde e evitando que ele abandone o tratamento”, explicou a chefe do Centro Estadual de Epidemiologia, Júlia Cordellini. Os linkadores vão trabalhar exclusivamente com o público alvo do projeto.
Batizado de “A Hora é Agora – Testar nos Deixa Mais Fortes”, o projeto atendeu 2.637 pessoas no ano passado em Curitiba. Pacientes com diagnóstico positivo já realizam outro exame fundamental: a contagem das células (linfócitos) CD4. Elas são as primeiras a serem atacadas quando o vírus HIV entra na corrente sanguínea. “Esse exame revela como está a imunidade do portador”, disse Júlia.
A contagem em pessoas soronegativas varia de 500 a 1.200 CD4 por mililitro de sangue. Quando o índice fica abaixo de 200, o portador corre risco de ser atacado por doenças oportunistas, que podem leva-lo à morte. “O projeto propicia o diagnóstico precoce e o portador começa o tratamento mais cedo, diminuindo a carga viral e a chance de transmissão”, explicou o coordenador técnico do Programa Municipal de DST/AIDS e Hepatites Virais, Wanderlei Furtado.
A ação que será desenvolvida em Foz tem durabilidade de um ano. O projeto é realizado em parceria entre o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC Brasil), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), SESA e Secretaria Municipal da Saúde (SMSA). O lançamento será às 10h, na praça das Nações (Mitre).
NÚMEROS – Em Foz do Iguaçu, foram registrados 124 casos de HIV/AIDS em 2014; 145 em 2015; e 18 no primeiro quadrimestre desse ano. Nos últimos três anos, quatro crianças também receberam diagnóstico positivo. Desde que a epidemia começou a ser notificada na fronteira, em 1988, já foram notificados 2,3 mil casos de HIV/AIDS, sendo 84 crianças. No Paraná, desde 1983, foram registrados 46.882 casos de HIV/AIDS. Por ano, no Estado, são 2,4 mil novos casos de HIV e 1,4 mil de AIDS.
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), havia mais de 700 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil em 2014. No mesmo ano, foram registradas 16 mil mortes relacionadas à doença no País. Estima-se que entre 0,4% e 0,7% da população geral esteja infectada, mas entre gays e homens que fazem sexo com homens essa proporção cresce para 10,5%. Outras populações-chave afetadas são pessoas que usam drogas (5,9%) e profissionais do sexo (4,9%).
Uma das propostas da UNAIDS é intitulada de 90-90-90. A meta prevê que até 2.020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; destas, 90% estejam em tratamento; e das pessoas em tratamento, que 90% apresentem carga viral indetectável. Atualmente no Brasil, 80% das pessoas vivendo com HIV foram diagnosticadas; 48% estão em tratamento e, destas, 40% têm carga viral indetectável.
Assessoria SMSA