Por Itaipu
Pelo menos uma vez por mês, a partir de agora, representantes do Brasil, Paraguai e da Argentina terão um encontro para debater e propor ações de prevenção, atendimento e repressão ao tráfico humano na região das três fronteiras. O anúncio foi feito pelo padre Fábio Augusto Welter, presidente da Cáritas, durante o 3º Seminário Trinacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que ocorreu nos dias 27 e 28, no campus da Unioeste, em Foz do Iguaçu. O evento fez parte da programação do Fórum Permanente de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
O coronel Francisco Ronald Rocha Fernandes, da assessoria de informação da Itaipu (IN.GB), alertou sobre o problema. Ele disse que as instituições, sejam elas públicas ou privadas, não podem negar a existência desse crime, sobretudo, nesta região. Segundo ele, a tríplice fronteira, por causa da localização, pode ser uma rota em potencial para isso. “Precisamos ficar muito atentos, pois a maioria dessas vítimas acaba sendo levada para a prostituição”.
O comissário Leonir Gonzalez, chefe da Polícia do Aeroporto Guarani, em Ciudad del Este, reforçou o alerta. “O tráfico humano existe e muitas vezes não conseguimos identificar e dimensioná-lo. Só neste ano, no aeroporto vizinho, foram descobertos dois casos. Duas adolescentes estavam sendo levadas ilegalmente do município paraguaio de Caaguazú, perto de Foz, para Curitiba. Lá elas trabalhariam como prostitutas.
Organizado pela Cáritas Diocesana, com o apoio da Itaipu Binacional, por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA), o seminário fez parte da programação do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lembrado no dia 30 de julho. A data foi instituída em 2013, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O evento integra também a Semana Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que termina neste sábado, 30.
Fórum Permanente
Fazem parte do Fórum Permanente de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas integrantes das polícias Federal, Ministérios da Justiça, prefeituras locais, Cáritas Diocesana, Unioeste e Itaipu Binacional, entre outras instituições.
Estrutura
Uma das primeiras propostas do grupo é a instalação de postos avançados de atendimento humanizado aos estrangeiros nos aeroportos de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú. A segunda é instalar postos na entrada e saída dos países para receber pessoas deportadas e não-admitidas. No local, uma equipe formada por psicólogos, assistentes sociais, advogados, auxiliares administrativos e tradutores poderá oferecer atendimento humanizado, identificando possíveis vítimas de tráfico de pessoas.
Também estão previstas campanhas locais para informar aos passageiros sobre como se prevenir do tráfico de pessoas e como obter suporte dos consulados brasileiros e de outras organizações no exterior.
O funcionamento desses postos está regulamentado na Portaria nº 31, de 20 de agosto de 2009. No Paraná, há uma unidade em Curitiba.
Tudo azul
Entre outras iniciativas para marcar a data, pontos turísticos de Foz e edificações da Itaipu foram iluminados em adesão à Campanha Coração Azul, cujo lema é “Ajude a combater esse crime: liberdade não se compra. Dignidade não se vende”.
As atividades incluem a mostra fotográfica “Vidas Refugiadas”. A exposição mostra o cotidiano de oito mulheres que buscaram refúgio no Brasil e pode ser visitada na Unioeste até o final de agosto. As imagens são do fotógrafo Victor Moriyama. Depois, a mostra será itinerante.