A nona captação de órgãos deste ano em Foz, realizada pelo Hospital Municipal, aconteceu na madrugada de quarta-feira, 27. Toda a ação foi coordenada pela Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital.
A captação foi feita após autorização da família de uma jovem de 18 anos, Jennifer Casandra Rodrigues, vítima de acidente de trânsito, na saída de Medianeira para Serranópolis do Iguaçu, na madrugada do último sábado (23). A morte encefálica da paciente foi confirmada através de exames realizados seguindo rigorosamente todos os itens descritos no protocolo específico.
Além do coração e pulmões, foram retirados o fígado, rins e globo ocular. A retirada dos órgãos durou mais de três horas, pois o procedimento é minucioso e cada órgão é removido pelos médicos dos hospitais que atendem o transplante.
A CIHDOTT realizou a abordagem junto à família para a doação, que num gesto nobre e fraterno consentiu, dando assim um “sim” à vida de outras pessoas que estão à espera de um transplante.
A gerente da Unidade de Terapia Intensiva- UTI e secretária da CIHDOTT, Karin Aline Zilli Couto, disse que a captação começou pelo coração, que é o procedimento mais delicado, onde tudo precisa ser bem sincronizado. “O coração tem apenas quatro horas para ser transplantado. O tempo máximo de preservação do pulmão varia entre quatro a seis horas”, relata a enfermeira.
Karin prossegue dizendo que “o empenho e dedicação dos profissionais multidisciplinares, vale cada minuto do trabalho exaustivo dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva”.
O coração e pulmões captados foram transportados pelo avião da FAB, rumo ao Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Já os rins e fígado seriam levados para Curitiba. A captação de córneas foi realizada pela equipe de Enfermagem do HMFI, responsável pela Enucleação de Córneas.
Ainda segundo a gerente da UTI, uma das dificuldades encontradas pela CIHDOTT, se dá ao explicar para os familiares sobre a morte encefálica. “Eles observam o paciente respirando e, muitas vezes, se negam a acreditar que não há mais possibilidades de sobrevivência”. Karin explica que a morte encefálica se constitui na interrupção completa e irreversível das atividades do cérebro. “Após o diagnóstico de morte encefálica, como resultado de um traumatismo craniano, tumor, derrame, entre outros problemas, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre”, explica.
Para ser um Doador
O passo principal para se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação de órgãos pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, em caso de parentesco até 4º grau ou com autorização judicial (não parentes).