A sala Antonio Cabral de Mendonça da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu recebe a partir desta sexta-feira (1º) até o dia 12 de julho a exposição “Nós, os Diferentes – Retratos da Beleza de Cada Um”, assinada pela fotógrafa e jornalista Áurea Cunha. Resultado da reunião de 26 retratos de moradores de Foz do Iguaçu (PR), conhecida por receber pessoas de todo o mundo, a mostra chama a atenção para as particularidades de cada um e rebate a ideia da beleza ocidental considerada padrão.
Tal experiência teve reflexos sobre a própria autora que, ao se deparar diante dos retratos e ao entrevistar os fotografados passou a questionar como via a própria imagem. “Ouvi várias histórias, de pessoas que se aceitam muito bem como são e também de outros que, como eu, estão encontrando sua beleza essencial”, lembra Áurea.
Procurando ainda a melhor definição para o que é beleza, a fotógrafa visitou obras de poetas, filósofos gregos e em autores mais contemporâneos e concluiu que o belo está no ser diferente e, por isso, único, onde não pode haver comparações.
A opinião é compartilhada por vários dos retratados. Todos foram questionados sobre o que acreditam ser a beleza. A maioria a definiu como algo que é refletido do interior, que depende da estimulação da autoestima e que está além do visto exteriormente.
“Quando eu era pequeno, minha mãe sempre falava: vem cá meu bonitinho. E eu aprendi com ela a ser bonito”, lembra o motorista aposentado Adão Rodrigues, de 85 anos. “Mesmo tendo cegueira total, quando eu era criança tocava meu rosto e percebia que tudo combinava. Isso só pode ser beleza!”, completa a auxiliar administrativo Roseli Evangelista, de 45 anos.
Na produção dos retratos, Áurea levou em conta a diversidade das origens da população iguaçuense e buscou mesclar imagens que ressaltem características físicas, sociais e idades diversas a fim de lhes dar visibilidade.
A fotógrafa explica que o trabalho não visa o ‘diferente’ no sentido exótico e nem excludente, mas no sentido real, já que todos são diferentes e belos por serem únicos.
E, para quem visitar a mostra, a ideia é que possa fazer uma reflexão sobre como vê a si, como lidam com a própria imagem e, principalmente, encontrar ou reconhecer a própria beleza. “Com esta experiência também passei a querer achar a minha própria beleza. Estou em um processo de aceitação e de melhoramento da minha auto imagem”, destaca Áurea.
O projeto – A exposição fotográfica é resultado de um projeto aprovado para execução com recursos do Fundo Municipal de Cultura, gerenciado pela Fundação Cultural de Foz do Iguaçu em conjunto com o Conselho Municipal de Políticas Culturais. “Nós, os Diferentes’ também recebeu o apoio da Subseção Foz do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
Em contrapartida ao patrocínio oficial, Áurea Cunha realizou quatro oficinas de fotografia em três instituições de educação de Foz do Iguaçu: uma para crianças, na Escola Municipal Padre Luigi, na Vila C, outra para adolescentes, no Colégio Estadual Três Fronteiras, no Porto Meira, e duas para alunos especiais da Apae.