“Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, os raios ultravioletas deste período frio causam tanto mal quanto em pleno verão”. O alerta é da médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Cascavel, Lícia Deon Weirich. O uso de óculos que ofereçam proteção eficaz contra os raios ultravioletas deve ser mantido, mesmo no inverno ou em dias nublados.
Segundo a Oftalmologista, o excesso de exposição aos raios ultravioletas pode provocar alterações na conjuntiva, catarata precoce ou degenerações de retina irreversíveis. Essas doenças podem surgir em razão de danos acumulados ao longo dos anos de exposição solar sem proteção. Esses danos em geral, são causados pela radiação UV, explica a médica, que integra a equipe de 18 oftalmologistas do Hospital de Olhos de Cascavel. Uma dica para facilitar o uso dos óculos de proteção nesta época do ano, em que o sol é bem vindo para ajudar a nos esquentar, é fazer o uso de óculos com lentes que não sejam tão escuras, como as lentes marrons ou cinzas, que não escurecem tanto a visão (proporcionando maior conforto visual), porém garantindo a mesma proteção contra radiação UV.
Conjuntivites e olho seco
Mas os cuidados não se resumem à proteção contra os raios ultravioletas. “Ar seco, vento frio, poeiras e ácaros desencadeiam rinites alérgicas, que causam irritação, inflamação, coceira, olhos vermelhos. Nestes casos, a primeira atitude a tomar é não coçar os olhos”, diz, lembrando outros cuidados e prevenções, como expor agasalhos ao sol, antes de usar, para acabar com os ácaros, evitar contato com pólen, pelos de animais e mofo. “É muito importante lembrar de lavar as mãos várias vezes ao dia pois nesta época do ano lidamos com muitas pessoas gripadas e, como sabemos, o vírus da gripe é um grande responsável pelas temidas conjuntivites”.
Outro problema comum nesta época é a chamada síndrome do olho seco, que resulta das alterações na produção de lágrima. Embora existam diversas razões para essas alterações (como doenças autoimunes ou o uso de determinados remédios), os sintomas do olho seco pioram nesta época do ano por vários motivos como por exemplo beber menos água, pela exposição a ambientes com ar condicionado ou seco e o uso mais frequente de tablets, televisão ou computadores pois se sai menos de casa por causa do frio.
“Para manter a lubrificação normal de nossos olhos, piscamos, em média, entre 20 e 30 vezes por minuto. Quando mantemos os olhos fixos na tela do computador ou celular ou televisão, reduzimos inconscientemente à média de cinco piscadas por minuto. Sem a necessária lubrificação, os olhos ressecam e, com isso, ardem. Para amenizar o risco, é preciso adquirir o hábito de piscar mais vezes à frente da tela e fazer intervalos rápidos a cada meia hora. Que tal aproveitar o intervalo para beber um pouco de água? Seus olhos agradecem”, diz. Segundo a médica, no inverno o cuidado deve ser ainda maior com crianças e adolescentes, confinados à frente de computadores e tablets.
O risco dos colírios
Para fazer frente às conjuntivites e síndrome do olho seco, existem diferentes alternativas, mas não se descobriu uma receita única e definitiva para todos os casos. “O caminho mais seguro é consultar o médico oftalmologista”, diz Lícia, lembrando que a automedicação pode ser extremamente perigosa. Até os aparentemente inocentes colírios escondem riscos à saúde dos seus olhos.
Muitos colírios têm sua venda controlada. No entanto, mesmo os de livre comercialização podem representar ameaça à saúde ocular, quando não utilizados com a orientação médica. O uso em excesso das chamadas lágrimas artificiais pode causar irritação nos olhos por conta do conservante utilizado em sua fórmula. Já o uso indiscriminado de vasoconstritores para deixar o olho branco, provoca o efeito rebote, fazendo com que os vasos do globo ocular necessitem de doses cada vez maiores de medicação para atingirem o aspecto. “Deve-se lembrar que colírio é medicamento como outro qualquer, com suas indicações e contra-indicações. Em todos os casos, é importante buscar a orientação do médico oftalmologista para compra e utilização de colírios”, observa a médica oftalmologista Lícia Deon Weirich.