Na tarde desta quinta-feira, 19, o promotor de Justiça, Luiz Marcelo Mafra, ouviu os quinze vereadores de Foz do Iguaçu sobre a denúncia, feita pelo Conselho Municipal de Saúde, de que os parlamentares estariam burlando a fila de espera do sistema “Saúde Foz” – que é gerenciado pela própria secretária de Saúde do Município.
O promotor conta que em 2015 a denúncia chegou ao conhecimento da 9ª Promotoria de Justiça. Mafra explica que o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sadi Buzanelo, afirmou que cada vereador teria uma cota para consultas especializadas, desrespeitando a fila de espera do sistema “Saúde Foz”.
Ainda segundo o promotor, o presidente do Conselho, Sadi Buzanelo, confirmou e se comprometeu a fornecer toda documentação necessária relacionada a denúncia. Não foi citado nenhum nome político. “A única informação que temos é a do presidente do Conselho, apenas. Se qualquer cidadão tiver alguma informação referente a esta denúncia pode comparecer a promotoria para ajudar no processo. ” Ressaltou.
A Promotoria aguarda toda a documentação necessária para dar continuidade na investigação ou, se nada comprovado, arquivar.
A Denúncia
A denúncia foi feita pelo presidente do COMUS, Sadi Buzanelo, durante uma reunião do Conselho, realizada em 2015. Segundo Sadi, a suspeita é de que alguns políticos teriam acesso facilitado nos serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde.
Segundo ele, foi implantado o sistema “fura fila” no qual o cidadão procurava o posto de saúde e alguns servidores nomeados como cargos de confiança faziam a marcação de consulta no sistema Saúde Foz. “Assim, os pacientes apadrinhados políticos ganham prioridade. Muitos desses pacientes apadrinhados por algum vereador. Ultimamente, este sistema tem se intensificado em Foz. E os vereadores sabem disso”. Explicou.
Sadi ressaltou que o Conselho, com suas Comissões internas, conversou com o Secretário de Saúde Municipal e sua equipe para saber como funciona, de fato, o sistema “Saúde Foz”. “Então descobrimos que há uma série de “furos” e com isso oficializamos a denúncia. No entanto, não citamos nomes de servidores e vereadores suspeitos de usarem da influência política para realizar o “fura fila”. Finalizou.
Vereadores
O jornalismo da Rádio Cultura acompanhou a ida dos vereadores até a promotoria de Justiça. Alguns dos parlamentares falaram sobre o caso.
O presidente do legislativo, vereador Fernando Duso, do PT, negou qualquer envolvendo em relação a denúncia. “Da minha parte, tenho certeza de que a denúncia não procede. Acredito que o presidente do Comus deve, agora, apresentar todas as provas para que a justiça de seguimento ao processo”. Disse. Duso explicou, ainda, o motivo de todos os vereadores terem sido intimados. Segundo ele, o denunciante não citou nenhum nome político, generalizando a situação. “Dentro da Câmara, cada vereador responde por seu mandato. ” Finalizou.
Vereador do Democratas, Luiz Queiroga, contou que o promotor perguntou se ele tinha conhecimento de algum vereador que tenha indicado cargos na área da saúde. “Eu respondo por mim, e afirmo que não tenho nenhum cargo”. Queiroga ressaltou que faz parte da bancada de oposição do atual governo municipal. “Se comprovado, acredito que os envolvidos devem pagar pelo crime, pois é injusto. O que faço, como vereador, é auxiliar quem me procura solicitando ajuda envolvendo a área da saúde”. Finalizou.
O vereador Hermógenes de Oliveira disse estar tranquilo, pois também não tem indicações de cargos na área da saúde. “Sabemos que a saúde está uma calamidade, mas vereador interferir e ter cota, é ridículo. É uma situação apenas citada no Comus, não na Câmara”. Disse. O vereador do PSC também explicou que auxilia o cidadão que o procura, mas que não interfere o sistema.
Já o vereador Dilto Vitorassi, do PV, a denúncia é desnecessária. Para Vitorassi, o presidente do Comus deveria citar nomes e não generalizar. O parlamentar também negou ter alguma cota na saúde. “O pior é que a denúncia foi feita pelo Sadi Buzanelo que já foi secretário da Saúde no município. Se quer foi capaz de cuidar de um banco de dados. O responsável por toda essa situação precária da saúde de Foz é este cidadão que faz, de forma leviana, a acusação. ” Finalizou.
O vereador Gessani da Silva, do PP, também negou qualquer envolvimento. O parlamentar disse que nunca teve conhecimento de qualquer irregularidade envolvendo vereadores na área da saúde. “No entanto, a saúde realmente preocupa, falta até mesmo leito para atender os pacientes no município. Não tenho conhecimento das cotas, mas tenho conhecimento da situação precária do sistema”. Finalizou.
Todos os vereadores negaram qualquer envolvimento referente a denúncia feita pelo Comus.