O Programa Oeste em Desenvolvimento vai levar para o Fórum de Desenvolvimento Econômico do Território Oeste do Paraná, na próxima segunda-feira (16), na Faculdade Assis Gurgacz (FAG), em Cascavel, dois temas importantes para contribuir para a autonomia econômica e sustentável dos agricultores da região. O evento terá duas partes. A primeira começa às 15h30, com debates. Depois das 18h30, ocorrem as deliberações.
A proposta é incentivar o uso do biogás, com o reaproveitamento de dejetos animais, para a geração de energia elétrica e a também a utilização da luz solar, por meio de painéis fotovoltaicos, como fonte alternativa de eletricidade. As duas iniciativas, além de serem altamente sustentável, podem trazer economia e renda para os proprietários rurais.
A ideia é mostrar as vantagens das duas matrizes energéticas que, além de colaborar para o cuidado com o meio ambiente, reduzem o valor da fatura de energia das propriedades e, por consequência, tornaram os produtos mais competitivos porque seus custos ficam mais baixos.
A energia fotovoltaica ou solar, de acordo com estudos, pode reduzir a conta de luz em até seis vezes. “Além de mais barata que a convencional, a energia fotovoltaica também é limpa. Como nosso foco é o desenvolvimento da região, reduzindo os custos da produção, ampliamos a competitividade”, argumenta Augusto Stein, representante do Sebrae no Oeste em Desenvolvimento.
O Programa também defende o investimento no biometano, que é uma fonte limpa, e ainda colabora para reduzir um outro problema comum na região, que é justamente a destinação dos dejetos de animais. O uso do biogás tem garantido melhor qualidade de vida e renda para muitos agricultores da região. Algumas unidades de demonstração, como o Condomínio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, onde vive um grupo de mais de 30 agricultores familiares, são um exemplo disso. Por meio de biodigestores, eles produzem energia para o consumo próprio e para a Copel.
Gargalos
Segundo o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Mário Costenaro, além desses dois assuntos específicos, o programa, que reúne 48 entidades, vai aprofundar as discussões e encontrar alternativas para resolver alguns entraves que impedem o crescimento econômico regional nas áreas das cadeias produtivas, de infraestrutura e logística, meio ambiente e capital social.
Jaime Nelson Nascimento, representante da Itaipu no Programa, lembra que o fórum também vai discutir as demandas peculiares de cada um dos 54 municípios integrantes da proposta. Juntos, somam quase 1,3 milhão de habitantes (estimativa do Censo de 2015) e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 32 bilhões.
Entre os temas está em pauta o posicionamento contrário do Programa à exploração do gás de xisto por meio do fracking (fraturamento hidráulico de rochas). A produção de energia a partir da exploração de reservas de gás foi liberada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Muitas empresas já ganharam licitação para fazer essa exploração em 29 municípios do Oeste. Os ambientalistas alegam que essa atividade traz grandes danos ao solo fértil, ao meio ambiente, à saúde e à segurança alimentar.
Outros temas
Na área de infraestrutura e logística, apesar do grande potencial, a região enfrenta desafios para crescer, como transporte, por exemplo. Os quatro modais de transporte – rodoviário, ferroviário, aeroviário e hidroviário – apresentam, em diferentes graus, uma infraestrutura precária.
No rodoviário, por exemplo, os problemas vão desde a falta de ligações entre os municípios até o valor alto dos pedágios nas rodovias federais. As estradas rurais são mal conservadas e estreitas, impedindo a passagem de caminhões de grande porte. Esses fatores contribuem para o aumento no valor dos fretes, o que afeta o custo final dos produtos, prejudicando a concorrência com a produção de outras regiões do Brasil e até de outros países.
Assistência técnica
A criação de uma rede de assistência técnica para atender os produtores de leite, pescado, suíno do Oeste é outra ação do Programa que estará em discussão. Somente os produtores de leite da região abastecem o mercado com um bilhão de litros do produto por ano, o equivalente a 25% de todo o Estado. Essa produção, no entanto, poderia ser quadruplicada, não apenas para atender o mercado interno, mas também para a exportação.
O Oeste em Desenvolvimento também está trabalhando para que a região tenha o status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação, de tuberculose e influenza aviária.
O Programa
Lançado em 2014, o Programa Oeste em Desenvolvimento reúne, entre outras instituições, instituições, a Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), o Sebrae/PR, o Sistema Cooperativo, a Caciopar, a Amop, a Emater e a Fiep, além de cooperativas e instituições de ensino superior.
Itaipu Binacional