Da luta pela terra ao direito à escola, a aldeia da Comunidade Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, abriu nesta terça-feira (12) a 15ª Semana Cultural Indígena celebrando as conquistas de seu povo na educação, inclusive de nível universitário. Todos os anos, ao menos quatro alunos da escola indígena local – considerada referência no Paraná – são escolhidos para fazer cursos universitários que contribuam para a autonomia da comunidade e para melhorar as condições de ensino, como Pedagogia e Letras. É o caso de Délia Martines, que estuda Pedagogia na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu. Ela é um dos orgulhos da comunidade.
Na abertura da Semana, pela manhã, em cerimônia que contou com a participação de autoridades locais e de instituições parceiras, como Itaipu e o governo do Estado, o cacique Daniel Maraca Lopes disse que os acadêmicos têm como responsabilidade agregar tudo que trazem de conhecimento para a melhoria das políticas voltadas à gestão territorial, à sustentabilidade e à saúde dos povos indígenas.
Ao retornar da faculdade, os jovens passam por uma seleção para concorrer aos postos de trabalho na comunidade. Dos 40 funcionários da escola indígena, dez são da própria aldeia. Há dez anos, eram apenas dois. Cada vez mais politizada, a comunidade sabe da importância de se unir e se fortalecer para garantir seus direitos. Entre projetos sociais, educativos e esportivos, o Colégio Estadual Indígena Teko Ñemoingo atende 440 pessoas de um total de 661 integrantes da aldeia.
Para Marlene Curtis, gestora do Programa de Sustentabilidade Indígena de Itaipu, uma educação de qualidade empodera o povo guarani. “Podemos perceber essa mudança no diálogo e na participação deles no comitê gestor Avá Guarani e também na condução e execução do projeto Sustentabilidade Indígena, que e envolve toda a comunidade”.
Desde 2003, Itaipu desenvolve o projeto Sustentabilidade Indígena, dentro do Programa Cultivando Água Boa (CAB), com ações para a melhoria da infraestrutura, fortalecimento da diversidade cultural, estímulo à formação de parcerias, segurança alimentar e nutricional – entre outras.
O projeto incentiva a produção familiar tradicional, que hoje vende o excedente da produção para o Programa Aquisição de Alimentos do Governo Federal (PAA); a produção de peixes em tanques-rede; a produção de mel; a geração de renda com a comercialização do artesanato tradicional, além de apoiar a construção de moradias, casas de reza e centros de artesanato.
Cultura
A 15ª Semana Cultural Indígena tem como objetivo divulgar a cultura Avá Guarani, povo que vive na região há mais de três mil anos, além de promover a troca de experiência entre indígenas e não indígenas. A semana foi aberta neste dia 12 e prossegue até sexta-feira (15).
A programação prevê apresentações culturais da tradição indígena, passeios de trilha, degustação de comida típica, medicina natural, exposições e venda de artesanato. As escolas podem agendar visitas à comunidade. O contato é a diretora do Colégio Estadual Indígena Teko Ñemoingo, Cleonice Feyh (45 8433-8783), ou o cacique Daniel (45 9134-0877).
Arlênio Heindrickson, de Santa Terezinha de Itaipu, levou as amigas Adriane Martins, com o filho Adonai Martins, e Jeani Hanver, para saber como vivem os indígenas. “Essa é uma experiência riquíssima. Nós aprendemos muitos quando visitamos o local”. Arlênio é tão conhecido no lugar que até ganhou nome indígena, Tupã Caray. Há pelo menos dois anos ele frequenta a comunidade.
Outras aldeias
Na próxima segunda-feira (18) será a vez de as comunidades Tekoha Itamarã e Tekoha Añetete, de Diamante D’Oeste, abrirem sua semana indígena. Na 10ª edição, a Semana Cultural Indígena dos Itamarã e dos Añetete vai até o dia 20.
As visitas podem ser agendadas com os diretores das escolas indígenas das duas comunidades: Mauro Dietrich(45 9965-6210), da Escola Estadual Indígena Araju Porã (Itamarã), e Jairo Bortolini (45 8826-6426), do Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo’e (Añetete).
Assessoria