Pesquisadores de Itaipu Binacional, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Brasileiro para Medicina da Conservação – Tríade e Smithsonian Conservation Biology Institute, dos Estados Unidos, participaram, nesta semana, em Foz do Iguaçu (PR) e Hernandárias (Paraguai), de uma nova etapa do projeto Avaliação Andrológica e Criopreservação de Sêmen de Anta Brasileira – Tapirus terrestris.
De terça (4) a quinta-feira (7) foi coletado material genético de oito animais, quatro do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), na margem brasileira da usina, e quatro no Zoológico Regional, no país vizinho. O sêmen foi retirado por meio de um procedimento chamado eletroestimulação, com o animal anestesiado, e depois congelado em nitrogênio líquido, a uma temperatura 196 graus Celsius negativos.
Esta é a segunda vez que a equipe vem à região para o trabalho – a primeira foi em novembro de 2014. Coordenador do projeto, o professor Nei Moreira, do curso de Medicina Veterinária da UFPR (campus Palotina), disse que o estudo é inédito para esta espécie de anta, encontrada apenas na América do Sul. “Existem outros trabalhos publicados, mas sobre a Tapirus terrestris é o primeiro”, disse.
O pesquisador indiano Budhan Pukazhenthi, do Smithsonian Conservation Biology Institute, fez questão de acompanhar o trabalho pessoalmente. Ele é autor de estudos com outras espécies de antas, de outras partes do planeta, daí o interesse em conhecer o exemplar brasileiro. “Esse trabalho é muito importante. Você coleta o material genético, congela, e em 50 ou cem anos pode usar o sêmen. Eu chamo isso de uma apólice de seguro [para a espécie]”, definiu.
Para Itaipu, o projeto é estratégico porque garante uma reserva genética dessas populações, que estão ameaçadas de extinção, e mantém a empresa em posição de vanguarda na pesquisa científica. “É uma grande oportunidade”, disse o médico-veterinário Zalmir Cubas, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu e um dos organizadores do Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária (Editora GEN), obra de referência do segmento.
Fisiologia reprodutiva
Segundo Nei Moreira, nos dois anos de pesquisa foi possível verificar que a fisiologia reprodutiva da anta é muito semelhante à dos cavalos. “O equino é o parente doméstico mais próximo da anta, do ponto de vista filogenético (relativo à evolução da espécie). E a gente está vendo que isso se repete com relação às características do sêmen, as características andrológicas”, relatou.
O próximo passo do projeto, ele acrescenta, será trabalhar com fêmeas e avançar para técnicas de reprodução mais sofisticadas, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro. “Primeiro queremos conhecer a fisiologia reprodutiva básica do animal e também algumas biotécnicas, como o melhor protocolo para congelamento de sêmen. Depois, vamos partir para a reprodução artificial.”
Essa fase do projeto também interessa à Itaipu. No Refúgio Biológico, a empresa mantém um programa de reprodução em cativeiro de espécies da região, pelo método natural. Em 2011, uma fêmea anta teve filhotes gêmeos, caso raro em todo o mundo. “No futuro, poderemos utilizar outras técnicas de reprodução”, antecipou Zalmir. “Em vez de deslocar o animal, você mandaria o sêmen para a inseminação, como se faz hoje com bovinos.”
Itaipu Binacional