Dois dias antes de fechar o mês de março, a usina de Itaipu já estabeleceu o melhor primeiro trimestre de sua história. Às 7h desta terça-feira (29), a usina ultrapassou o recorde anterior de 24,83 milhões de megawatts-hora (MWh), registrado no primeiro trimestre de 2013, quando também foi registrado o recorde anual de geração.
A área técnica da usina trabalha agora com a expectativa de chegar aos 50 milhões de MWh no semestre. Este ano, a usina de Itaipu registrou o melhor janeiro e fevereiro e sucessivos recordes de geração. Quanto mais Itaipu gera, menos dependência da geração térmica, que é menos limpa e mais cara.
Brasil por 20 dias
A produção deste trimestre seria suficiente para atender o consumo de Foz do Iguaçu por 44 anos; do Estado do Paraná por dez meses; do município de São Paulo por 10,5 meses. E ainda: seria suficiente para atender toda a Região Sul por 3,5 meses e o Brasil inteiro por aproximadamente 20 dias. Já o Paraguai seria abastecido por dois anos e um mês.
Num comparativo com as maiores produtoras de energia do Brasil, a produção de quase 25 milhões de MWh representa mais do que a energia somada gerada ao longo de todo o ano passado pelas usinas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, que estão em fase de aumento de produção, mas já ocupam o terceiro lugar no ranking entre as três mil plantas de energia do Brasil.
El Niño
A produção de Itaipu tem sido beneficiada principalmente pelo fenômeno climático El Niño. Com as chuvas acima da média na região Sul do Brasil, a usina pôde produzir com carga máxima, contribuindo para que o período úmido recuperasse os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Nordeste, depois de dois anos de estiagem.
O diretor técnico executivo, Airton Dipp, explica que a preocupação da Itaipu é aproveitar todas as oportunidades, sempre de forma sustentável, para garantir mais energia limpa para os sistemas elétrico do Brasil e Paraguai.
Nesse trimestre, a afluência em Itaipu (chegada de água no reservatório) atingiu a média de 18 mil metros cúbicos por segundo (m³/s), quase o dobro da média histórica, que é de 11,8 mil m³/s. Os técnicos têm adotado medidas para o aproveitamento máximo deste volume. Quando há muito vertimento, o nível de água abaixo do reservatório se eleva diminuindo a queda, e consequentemente, a capacidade de produção. Ou seja. É bom ter bastante água, mas é preciso também saber usá-la.
“É um jogo entre maiores vazões e eventualmente menores quedas d´água”, explica o superintendente de Operação, Celso Torino. Ele diz que, em todo este período, a operação de Itaipu tem seguido a “diretriz da dança com as águas”. Isto é, dentro de determinados limites metodológicos, otimizar a produção de energia de acordo com o sinal hidrológico e a oportunidade de melhor aproveitamento.
Para essa otimização, foi necessário, por exemplo, uma perfeita coordenação entre o “sinal hidrológico” (com acompanhamento constante das chuvas e de aumento da vazão do reservatório), a necessidade de consumo no Brasil e no Paraguai, ter disponibilidade das unidades geradoras e dos sistemas de transmissão, além da ação em sintonia com o Operador Nacional do Sistema (ONS), Furnas e Copel, no Brasil, e Ande, no Paraguai.
Além disso, foi fundamental o planejamento hidroenergético, cuidando para que a intensidade dos vertimentos prejudicasse o mínimo possível a queda d´água (e, por consequência, a potência e a energia); e, entre outros fatores, reconfigurar limites de geração das unidades geradoras em função dos períodos de seca e de sobra de recursos hídricos; e aproveitar as diferenças de pico de consumo nos dois mercados, brasileiro e paraguaio, em conjunto com a Ande e o ONS.
Os índices de eficiência do período mostram os acertos do projeto e montagem das unidades geradoras da usina, assim como seu excelente estado de operação e manutenção. O FCO (índice de aproveitamento de água disponível), mesmo com os vertimentos, atingiu 91%; a disponibilidade das unidades geradoras foi de 98,1%; e a indisponibilidade forçada (quando um gerador fica indisponível de forma imprevista) foi de apenas 0,02%.
Itaipu Binacional