O espaço que simula uma propriedade rural orgânica é um dos mais disputados da feira agrícola. Produtores buscam informações para aplicar as técnicas no cultivo
Um dos destaques da participação de Itaipu no Show Rural Coopavel 2016, em Cascavel, é a Vitrine Tecnológica de Agroecologia, um espaço de 2.600 m², localizado próximo ao mirante, um dos pontos mais visitados da feira. A vitrine é organizada por vários parceiros e representa uma propriedade rural com diversos conceitos de agroecologia.
“O show rural é uma grande vitrine da diversidade de públicos, de vários segmentos econômicos e sociais. E um componente importante desta diversidade é a agroecologia”, afirma o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich. “A vitrine mostra que os orgânicos são uma boa opção para a agricultura familiar e para o pequeno produtor diversificar sua propriedade. Eles terão mais ganhos e vão gerar menos impacto ao meio ambiente e à saúde humana”.
Nos primeiros dias da feira agropecuária, a vitrine foi o espaço mais disputado. “Muita gente vem visitar. Entre os visitantes, veio um casal que está cansado de criar porcos e quer começar a mexer com hortaliças. Também veio um grupo de senhoras interessadas em plantas medicinais. Eles têm várias perguntas”, conta a a gestora do Projeto de Plantas Medicinais de Itaipu, Liziane Kadine (MAPA.CD), uma das representantes de Itaipu na vitrine. “Eles querem saber como é feito na prática, têm expectativa de levar estas técnicas para as lavouras deles”.
A vitrine divulga vários conceitos de agroecologia e como uma propriedade rural pode estar em equilíbrio. Ela foi montada em um ano, tempo curto para atingir esse objetivo. “Nosso espaço está bonito, mas ainda não está em equilíbrio. A gente explica para as pessoas que fazer uma propriedade agroecológica necessita de um tempo de transição. Não dá para conseguir a certificação de produtos orgânicos no primeiro ano”.
Entre os conceitos divulgados, o formato de mandala e o onsórcio de hortaliças, bem no meio da vitrine. “A mandala tem a questão mística de concentração de energia, mas também facilita o sistema de irrigação. A variedade de hortaliças confunde as pragas. Nós também promovemos a rotação de cultura para não estressar o solo”, explica Ronaldo Juliano Pavlak (MAPA.CD), do Projeto de Incentivo a Produção e Consumo de Orgânicos, da Itaipu.
Ronaldo também destaca o uso das flores no entorno dos cultivos. “Elas não são apenas para decoração. As flores atraem vespas e outros insetos predadores das pragas”, afirma. Na vitrine, os visitantes encontram cultivos como inhame, cará, azedinha e alface selvagem, entre outros alimentos que hoje caíram no gosto das pessoas em busca de dietas como as divulgadas por Bella Gil, mas que há muito tempo pertencem à agricultura orgânica.
No centro da mandala foi montado um lago artificial que, numa propriedade real, seria alguma fonte de água natural interagindo com as plantações. “Tudo deve estar em torno de um lago ou rio, com peixes e aves aquáticas. A água deste lago será usada na irrigação e fertilização das plantas”, diz Ronaldo. No espaço também tem uma estufa feita com ripas de bambu, um pequeno pasto com diferentes tipos de forragens e o sistema agroflorestal, uma pequena floresta em formação que, quando a propriedade estiver em equilíbrio, vai conviver em harmonia com os cultivos.
Além de Itaipu, participam da vitrine outras dez organizações governamentais e não governamentais com atuação regional, estadual e nacional. Iapar, CPRA e Embrapa, por exemplo, forneceram as sementes e trouxeram o conhecimento técnico. Emater, Capa, Adeop e Biolabore são instituições com experiência de campo e assistência técnica. Unioeste e UFPR deram informações dos grupos de pesquisa em agroecologia e produção de leite. A Coopavel forneceu o espaço, materiais e a ornamentação. “Todas as empresas ajudaram com mão de obra e participam das explicações ao público, cada uma com sua afinidade”, finaliza Ronaldo.
Por IJE