Morreu nesta manhã, em São Paulo, o Juvenal Juvêncio, em decorrência de um câncer de próstata em estagio avançado. Nos últimos meses, com a evolução da doença, o ex-presidente do São Paulo, de 83 anos de idade, deixou de fazer aparições públicas e havia pouquíssima esperança de que o paulista de Santa Rosa de Viterbo seguisse na batalha contra o câncer.
Ao longo dos últimos 27 anos, o Tricolor foi presidido por Juvenal em dez deles. O primeiro mandato do ex-investigador de polícia foi entre 1988 e 1990, quando sucedeu o então amigo Carlos Miguel Aidar. A volta ao poder aconteceu em 2006, respaldado pelas conquistas no clube como diretor e vice-presidente de futebol de Marcelo Portugal Gouvêa (morto em 2008) no ano de 2005.
As primeiras temporadas de Juvenal no poder foram marcadas pelos títulos do Campeonato Brasileiro de 2006 e 2007, suas credenciais para a reeleição em 2008. Outro fator que contribuía para a força do cartola na época era a promessa de que o Morumbi seria utilizado como estádio da abertura da Copa do Mundo de 2014, algo que nunca saiu do papel e causou uma das maiores frustrações da carreira do dirigente.
A primeira das polemicas no poder veio com a alteração no estatuto que estendeu os mandatos presidenciais de dois para três anos. Assim, se garantiu de 2008 a 2011 no cargo, quando novamente alterou o estatuto e permitiu também o exercício de um terceiro mandato. Tais decisões geraram desconforto no clube e acarretaram no afastamento de pessoas próximas, como o ex-superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha e o hoje presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
Em nenhum momento, no entanto, houve oposição para fazer frente a Juvenal. Em 2014, foi com o poder de sua indicação que Aidar retornou à presidência do São Paulo depois de dois mandatos entre 1984 e 1988. JJ foi deslocado para cuidar do CFA Laudo Natel, em Cotia, sua menina dos olhos, construída para a base e inaugurada em 2005. A relação, porém, durou apenas cinco meses e, em setembro, Aidar fez série de acusações contra seu antecessor, afastado da direção da base e tachado de vilão de todos os problemas financeiros enfrentados pelo clube do Morumbi.
Além de afastar o ex-aliado, Aidar atingiu diretamente pessoas próximas ao inimigo, de dirigentes a funcionários, que acabaram sem cargos ou demitidos. Para Juvenal, então, tornou-se questão de honra tirar Aidar do poder, tarefa na qual conseguiu ter papel importante mesmo debilitado pela doença nos últimos meses. Até mesmo a relação com Marco Aurélio Cunha, de quem foi sogro, foi reatada e as arestas com Leco reparadas.
Na última sexta-feira, durante entrevista coletiva de despedida de Luis Fabiano, um recado por áudio de Juvenal foi mostrado no CT da Barra Funda e emocionou muito a Fabuloso e o próprio Leco. Juvenal se despede com uma história de três títulos do Campeonato Brasileiro, um da Copa Sul-Americana e participação direta nas conquistas do Campeonato Paulista, da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes de 2005, todos os últimos troféus levantados pelo São Paulo.
A família de Juvenal ainda não definiu detalhes sobre velório e enterro.
Lancenet