O diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Samek, propôs na quinta-feira (26), na abertura da conferência internacional Potencialidades, Oportunidades e Desafios da Integração Elétrica na América do Sul, em Foz do Iguaçu (PR), uma reflexão sobre o papel das usinas hidrelétricas no processo de integração regional e a urgência de esclarecer a opinião pública sobre os benefícios que os empreendimentos podem trazer para os países.
A conferência, que segue até sexta-feira (27), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), é promovida pela Itaipu, em parceria com o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participam autoridades do setor elétrico do Brasil, Paraguai, Uruguai, Peru e Bolívia.
A abertura do evento contou ainda com a presença do coordenador do Gessel-UFRJ, Nivalde de Castro, do diretor interino de Geração da Eletrobras, Renato Soares Sacramento, do diretor técnico de Itaipu, Jose Maria Sanchez Tilleria, e da diretora financeira executiva, Margaret Groff.
Samek lembrou que 25% da água disponível no planeta está na América do Sul, constituindo uma base hidrológica muito forte para a produção de energia e a integração dos países. “O que aconteceu no Brasil é um grande exemplo. A partir do momento que integramos regiões, Estados, hidrelétricas, fontes [de energia], e trabalhamos de forma organizada, através do Operador Nacional do Sistema, nós ganhamos mais do que uma Itaipu em eficiência”, disse.
“Se conseguirmos fazer esse mesmo esforço no sentido de ter toda a América do Sul trabalhando de forma integrada, só haverá ganhador. Ganham os países, ganham os consumidores, ganha o meio ambiente”, acrescentou.
O diretor de Itaipu lembrou que o processo de integração europeia, por exemplo, deu-se por meio da energia – assim como ocorreu em outros pontos do planeta, como na América Central e também com o Canadá e os Estados Unidos. “Por aqui (na América do Sul), onde houve esse processo, funcionou”, disse, citando a própria Itaipu (Brasil e Paraguai), Yacyretá (Paraguai e Argentina) e Rio Grande (Argentina e Uruguai).
No caso de Itaipu, Samek ressaltou que os benefícios vão além do abastecimento – 17% de toda energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. “Formamos gerações de técnicos, já distribuímos em royalties mais do que o valor usado para a construção da usina. Sem contar os programas sociais, ambientais. Por isso, temos que nos comportar de forma diferente, nos comunicar de forma diferente, para vencer os obstáculos.”
O coordenador do Gessel-UFRJ, professor Nivalde de Castro, avalia que o sucesso de Itaipu deve servir de referência para a região. “O processo de integração elétrica tende a se acelerar em função da importância cada vez maior da energia elétrica e, particularmente, da energia elétrica de fonte renovável – e, em especial, das usinas hidrelétricas. Porque são as fontes mais seguras, mais limpas, mais sustentáveis e mais baratas que o homem consegue construir”, defendeu.
Castro disse ainda acreditar que as perspectivas para a integração elétrica regional são positivas e citou como exemplo os estudos para a construção de uma usina no Rio Madeira, entre o Brasil e a Bolívia. “A integração elétrica com a Bolívia já começou com a construção das usinas de Santo Antônio e Jirau (ambas no Madeira). A próxima [usina] é a binacional, abrindo, por meio de eclusas, que certamente vão estar no projeto, a possibilidade de a Bolívia ter acesso ao Oceano Atlântico, através da região Amazônica.”
Renato Soares Sacramento lembrou que a integração elétrica pode proporcionar avanços importantes como o aproveitamento da diversidade hidrológica entre os países, economia de investimento e ganho potencial de energia. “Você também consegue promover o desenvolvimento social de uma forma mais integrada em todas essas regiões. Por isso esse debate é muito oportuno”, indicou, acrescentando que “é possível compatibilizar desenvolvimento energético com o atendimento das novas demandas da sociedade”.
Sobre o evento
A conferência internacional Potencialidades, Oportunidades e Desafios da Integração Elétrica na América do Sul teve nesta quinta-feira os painéis “A integração elétrica na América do Sul: desafios e perspectivas”, “Integração elétrica como vetor de desenvolvimento econômico e social – as experiências de usinas binacionais”, “Centrais hidroelétricas e integração regional” e “Integração econômica e novos padrões de financiamento para projetos de integração elétrica”.
O evento termina nesta sexta-feira, pela manhã, com a formação de mais duas mesas de discussão: “Planejamento nacional e integração elétrica regional” e “Integração energética e os desafios regulatórios”.
Itaipu Binacional