Os três têm idade por volta dos 20 anos, e foram detidos, separadamente, no Egito, acusados de tráfico de drogas. Carregavam entre 2 kg e 3,5 kg de cocaína cada. A semelhança dos casos, ocorridos entre maio e setembro, levantou a suspeita de que aliciadores poderiam estar atuando na cidade paranaense para recrutar jovens pobres como “mulas” para o transporte de drogas.
A Polícia Federal brasileira disse que as informações são “classificadas”. O Itamaraty informou ser “crescente” o número de brasileiros detidos no exterior com drogas. Traficantes podem ser condenados à pena de morte no Egito – onde as execuções são por enforcamento. Mas as execuções, nestes casos, raramente são aplicadas, segundo o grupo Anistia Internacional. Os casos ocorrem após dois brasileiros terem sido executados por fuzilamento na Indonésia neste ano. Ambos foram condenados por tráfico de drogas e passaram dez anos no corredor da morte do país.
Foz do Iguaçu fica na tríplice fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai, e é conhecida rota do tráfico internacional de drogas. Grupos aproveitam a fiscalização deficiente e a porosidade da fronteira para escoar a produção de países como Peru, Bolívia e Colômbia, disse outra fonte com conhecimento dos casos. Na cidade, aliciadores identificariam jovens dispostos a fazer o tráfico em troca de dinheiro.
Lucas Stormoski, de 19 anos, viajou de Foz do Iguaçu a São Paulo, de onde embarcou para o Egito via Etiópia levando 3,5 kg de cocaína. Foi preso em 4 de setembro ao desembarcar no aeroporto internacional do Cairo.
Cezar de Melo, de 23 anos, saía de Foz do Iguaçu rumo a São Paulo e, então, ao Cairo também pela Etiópia. Levava 2 kg de cocaína. Foi preso no aeroporto em 24 de agosto.
André Victor Guimarães dos Santos, de 26 anos, era motoboy. Chegou ao Cairo via Doha, no Catar. Foi detido em 10 de maio, após autoridades encontrarem 3 kg de cocaína em sua bagagem. Reconheceu ser dono da mala e roupas, mas negou que a droga era sua.
Outros dois brasileiros estão presos no Egito por tráfico: a doméstica Erika dos Santos Oliveira, de 23 anos. Detida no aeroporto do Cairo em 13 de maio, confessou ter conhecimento dos 3 kg de cocaína que levava entre as pernas. Disse que recebeu a oferta em São Paulo. E Ednaldo Bruno Filho, de 30 anos, de Corumbá (MS). Foi preso no Cairo em outubro do ano passado enquanto entregava 1,3 kg de cocaína. Este é o único caso com audiência marcada, para outubro. Nos demais casos, os processos estão em andamento.
O Itamaraty informou que todos estão recebendo assistência consular e que não é comum o pagamento de advogados para a defesa de brasileiros no exterior. Segundo o ministério, é “crescente” o número de prisões de brasileiros no exterior “atuando como ‘mulas'”. A Anistia Internacional diz que 14 execuções foram realizadas neste ano no Egito, a maioria por assassinato ou assassinato ligado a roubo ou estupro. E, apesar de condenações à morte terem sido imputadas em casos relacionados a drogas, nenhuma execução foi realizada.
Fonte: BBC Brasil